Com dólar mais valorizado, projeções para inflação e juros voltam a subir

Com aumento de incertezas, XP Investimentos passa a prever dólar acima de R$ 6,20, no fim deste ano e do próximo, e, já prevê inflação de 6,10% e Selic em 15,50% ao ano até dezembro

Crédito: Maurenilson Freire/CB/D.A Press. Homem olha engrenagens com cifrão.

A dificuldade de o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o aumento da desconfiança do mercado na gestão atual, tem pressionado o câmbio, que se mantém no novo patamar, acima de R$ 6 e voltou a subir nesta quarta-feira, após alguns recuos em meio ao aumento das incertezas globais.

O dólar mais valorizado deve pressionar a inflação e os ajustes nas projeções não param após o real ter desvalorizado perto de 30%, no ano passado, e ficam cada vez mais distantes do centro da meta de 3%, com teto de 4,50%. 

A XP Investimentos, por exemplo, elevou de R$ 5,85 para R$ 6,20, a previsão para a divisa norte-americana no fim de 2025, e, para 2026, revisou de R$ 6,00 para R$ 6,40, como resposta ao diferencial de inflação e mais pressões devido às eleições presidenciais.

Com isso, a instituição também revisou de 5,2% para 6,1% a previsão para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, refletindo a demanda interna aquecida e as pressões no câmbio.  E, como consequência, os economistas da XP também esperam uma reação da política monetária mais intensa, tanto que elevaram de 15% ao ano para 15,50% a previsão para a taxa básica da economia (Selic) em dezembro deste ano, postergando o início de corte dos juros para 2026.

Para 2026, a previsão para o IPCA foi mantida em 4,50%, no teto da meta, e a taxa Selic esperada para dezembro ficou em 12,50%.

Pacote fiscal

Conforme o relatório da equipe da XP Investimentos, liderada pelo economista Caio Megale, as medidas aprovadas no Congresso Nacional previstas no pacote de corte de gastos, devem ajudar o governo a cumprir as metas oficiais, “especialmente considerando que as receitas tributárias permanecerão fortes”. 

“Mas o cumprimento da meta de resultado primário não é suficiente para estabilizar as expectativas fiscais, porque i) o resultado do governo central continua deficitário devido a despesas fora do limite formal; ii) as despesas parafiscais seguem crescendo; e iii) as contas de governos regionais e empresas públicas vêm se deteriorando”, alertou a nota.

A política fiscal está na raiz da deterioração da confiança do mercado, mas não deve haver novidades significativas neste ano. “Nossas estimativas sugerem que o cumprimento da meta oficial de resultado primário este ano parece bastante viável. E o governo parece satisfeito em cumprir a meta oficial. Ou seja, entendemos que o fiscal não será muito melhor (ou pior) nos próximos meses em relação ao que conhecemos hoje”, destacou o comunicado.

E, com esse cenário mais incerto, a XP confirma a projeções de desaceleração da atividade econômica, pois o Produto Interno Bruto (PIB), que deverá ter encerrado o ano com expansão de 3,6%, vai crescer 2%, neste ano, e 1%, no ano que vem. Em 2026, a dívida pública bruta alcançará 83,9% do PIB, um salto de 10,1 ponto percentual em relação à taxa de 73,8% do PIB registrada em 2023, primeiro ano do mandato de Lula.

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