MARIANA CAMPOS
O primeiro dia do Interfashion 2025 mostrou que Brasília já não pede licença: ocupa, amplia e celebra sua cena criativa com voz própria. No Parque das Estações, no Estacionamento 11 do Parque da Cidade, a abertura oficial deu início aos quatro dias do evento que reinventa a forma de expressão fashion da capital com desfiles, palestras e experiências.
A programação do dia já começou com palestras que levantaram perguntas sobre o futuro da moda e apresentaram novos jeitos de pensar o vestir. No palco, Breno Abreu compartilhou o projeto de pesquisa que desenvolveu na UnB, unindo design e ciência para resultar em tecidos tingidos por bactérias e vegetais. Assim, deu vida à coleção A Cor é Rosa, ganhadora do edital RE-FARM CRIA, da marca Farm em parceria com o Instituto Precisa Ser, e que foi às lojas no início de 2024 como coleção cápsula voltada para a comunidade LGBTQIAPN+.
Em seguida, foi a vez de Wesley Santos e Pedro Sangeon tomarem o espaço para contarem tudo sobre a parceria que resultou na coleção collab da Verdurão e do personagem Gurulino. No talk show, revelaram como foi o processo de criação que levou a arte urbana de Sangeon para estampar as peças da marca brasiliense, em uma união de moda e grafite que adicionou o traço único e as reflexões de Gurulino às peças da Verdurão.
A terceira palestra do dia foi da estilista Isa Isaac Silva, que foi recebida com aplausos para falar sobre a simbiose entre a arte e a moda. Dominando a cena, a designer de moda baiana pode pincelar sobre a representatividade, empoderamento e inclusão que permeiam suas criações.
Antes de iniciar o circuito de desfiles, a idealizadora do Interfashion Julyana Noronha subiu ao palco junto a autoridades do Sindivarejista, Sindiveste e Senac, para oficialmente dar as boas-vindas a todos e formalizar o convite para que o público aproveite ao máximo a segunda edição do evento. Animada ao ver tudo tomando forma, ela lembrou o esforço coletivo necessário para construir o evento em seu discurso. São mais de 200 pessoas trabalhando ativamente há quatro meses para tornar a segunda edição do Interfashion uma realidade. “É isso que a gente espera: um evento de magnitude a nível Brasil, que coloque Brasília em seu lugar de direito de capital federal”, enfatizou.
Nascido para revelar ao mundo os talentos nascidos na capital, o evento foi criado por Julyana e teve sua primeira edição em 2024, também no Parque das Estações. Todo ano, este é o propósito: trazer aos holofotes os empreendedores e criadores de moda e expressão artística do DF. “Aqui é o berço de tantos talentos da moda e imagem. Precisamos trazê-los para essas plataformas, hubs, palcos, passarelas, para que se destaquem e ganhem repercussão nacional”, argumentou Noronha. Representantes de entidades parceiras também reforçaram a intenção de destacar a força da moda local. “Contem com o Sindivarejista para consolidar Brasília como um pólo de moda, como São Paulo, Rio e Fortaleza”, exaltou o vice-presidente do Sindivarejista, Talal Abu Allan, em sua fala.
Oficialmente inaugurada, a programação continuou no espaço da passarela, maior e mais imponente que no ano passado, com os desfiles do Projeto Artesania Brasília e a estreia de Thaís Fread. No palco, a aguardada palestra de Lino Villaventura e Jum Nakao, mediados por Fernando Demarchi, destacou a grande relação entre a moda e a arte, como o vestir também pode ser uma forma de expressão artística e como as roupas também podem estar em museus para serem admiradas. O encerramento ficou por conta dos desfiles de 2 Tempos, Jeans do Bem e da parceria entre Calado e Retiqueta.
O Interfashion continua com agenda recheada hoje, amanhã e domingo, no Parque das Estações, com estandes de marcas autorais brasilienses, brechós cheios de peças de upcycling, oficinas de moda, artesanato, espaço de maquiagem e relaxamento, praça de alimentação, palestras de nomes nacionais e locais, desfiles, muitas experiências de conhecimento e oportunidades de networking.
Com plateia cheia e energia pulsante, o recado que fica é claro. Brasília tem um ecossistema criativo pulsante, cheio de talentos e ideias que pedem visibilidade. Essa é a prova de que o brasiliense não apenas gosta de moda. Ele a vive, a cria e a reivindica como parte de sua identidade.
Confira cliques do evento pelas minhas lentes: