Um Brasil de bikers? Sete em cada 10 brasileiros pedalam semanalmente

Metade dos entrevistados afirmou que trocaria veículos a combustão por bicicletas elétricas. Esse mercado específico deve crescer 34% este ano

Foto: Pedro Ventura/ Agência Brasília

As bicicletas estão, de fato, fazendo cada vez mais parte das ruas das cidades do Brasil. Se, até pouco tempo, as bikes eram vistas principalmente como um meio de transporte mais econômico e sustentável, hoje elas fazem parte da vida dos brasileiros como forma de esporte, de prazer e até mesmo de vínculo social. Este cenário está alinhado com um estudo realizado pela Descarbonize, empresa especializada em soluções de energia limpa. O resultado revelou que sete em cada dez brasileiros entrevistados utilizam a bicicleta para se locomover pelo menos uma vez na semana.

Quanto à frequência, os entrevistados disseram utilizar as bikes, em média, três vezes por semana – e 8% dos afirmaram que pedalam diariamente. A presença das bicicletas também é percebida por quem está do outro lado, pois 75% dos participantes do estudo indicaram que veem bicicletas circulando diariamente em suas cidades.

Além da popularidade das bicicletas comuns, o interesse em bicicletas elétricas também vem crescendo nos últimos anos. Segundo a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), o mercado de bicicletas elétricas teve um crescimento de 12% em 2023 em relação ao ano anterior, com projeção de que essa taxa chegue a 34% em 2025. O número deve corresponder à marca de 300 mil bikes elétricas vendidas.

Mas, além de indicar o crescimento do interesse em veículos elétricos alternativos dentro de um nicho, é importante analisar a aceitação de forma mais abrangente. De modo geral, 49% dos entrevistados usariam bicicletas elétricas no dia a dia como alternativa aos veículos à combustão – como carros, motos ou mesmo ônibus. Entre as principais razões para a substituição, primeiro aparece a economia financeira, indicada por 15% dos respondentes, e, na sequência, a importância da redução do impacto ambiental, citada por 14%.

Antônio Lombardi Neto, diretor de Tecnologia da Descarbonize Soluções, comenta sobre algumas das facilidades em relação ao uso de bicicletas elétricas. “Se as comuns já são uma ótima alternativa aos veículos à combustão, as elétricas podem suprir a necessidade de quem não utiliza uma bike tradicional por motivos de distância ou limitação física, sem deixar de adotar um meio que ainda é econômico e ecológico”, diz ele. “As opções de carregamento também são bastante práticas, podendo ser feitas em estações de carregamento públicas ou em pontos de carregamento portátil — alternativa que facilita para o ciclista”, ressalta.

As alternativas para se investir em um transporte sustentável são cada vez mais diversas, além de levarem em consideração os diferentes perfis de pessoas. “Ainda é necessário que sejam feitos investimentos públicos e privados para que o cenário seja mais acessível, mas os dados mostram um interesse da população em colaborar com as iniciativas ambientais”, confirma Lombardi Neto. “E é exatamente a partir da combinação do esforço de todas as partes que se pode chegar em um cenário ambiental mais positivo para o futuro.”

Estrutura para os ciclistas – E quanto a infraestrutura das cidades para receber os ciclistas? Além das ciclovias, existem outros pontos essenciais para a segurança dos bikers, como as ciclofaixas, a sinalização adequada e os bicicletários. Ampliar o conhecimento geral sobre as leis para o uso das bicicletas, prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é essencial para o equilíbrio do ecossistema entre ciclistas, motoristas e pedestres.

As capitais brasileiras ganharam mais de quatro mil quilômetros de ciclovia em um ano (julho de 2023 e julho de 2024), num crescimento que corresponde a 7,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mas fica claro que o investimento em infraestrutura ainda deve ser maior. Segundo 55% dos entrevistados, as cidades onde vivem possuem certa estrutura para os ciclistas, mas o cenário ainda pode melhorar.

Enquanto isso, 25% dos respondentes consideram que o local onde vivem possui uma ótima infraestrutura, e outros 19% entendem que suas cidades não dispõem de estrutura nenhuma.

Metodologia – Foram entrevistados 500 brasileiros de todos os estados do país, incluindo mulheres e homens, com idade a partir dos 16 anos e de todas as classes sociais.