Citroën Basalt, versão topo de linha: vale o quanto se cobra por ela?

SUV cupê tem acabamento trivial, mas um motor ágil e, principalmente, um preço conveniente para os padrões brasileiros. Por isso, investimento compensa

O Citroën Basalt chegou ao Brasil há três meses, se ‘oferecendo’ como um dos utilitários-esportivos mais em conta do mercado. Mas não era só isso. Com carroceria cupê, que o deixa visualmente bonito, o modelo tem outras características interessantes. Por exemplo: o conhecido e eficiente motor 1.0 turbo usado por outros modelos da Stellantis, dona da marca francesa, que gera até 130 cv e torque de 20,4kgfm com câmbio que simula sete marchas. 

O Multieixos não fez testes de consumo. Mas os registros mostram bons níveis na estrada – onde o SUV foi mais usado. Na cidade, registrou uma média de 8,0km/l e, nas rodovias, sempre por volta dos 10 e até 11,3 km/l.

Esse propulsor, aliás, não tem pretensão esportiva, mesmo com seu desempenho de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos (números bons para carros, digamos assim, comuns). Mas garante muita segurança em ultrapassagens e retomadas nas congestionadas estradas brasileiras. Esse é, talvez, o principal chamariz de compra para esse modelo: leve (apenas 1.190kg), ágil, bom de dirigir, com direção elétrica levíssima, e bonito. 

Mas ainda tem a questão do preço e o respectivo custo/benefício. O Multieixos testou a versão topo de linha, a Shine – tabelado no site da montadora em R$ 117.100, mas com valores fixados na aba ‘Monte o seu’ em R$ 105.990 na cor preta (o print da promoção foi guardado). 

Mas, se você escolher a cor branca com teto preto, por exemplo, o valor dá um pulo para R$ 120 mil (ou R$ 3 mil a mais). A oferta de cores, por sinal, é ampla – e todas bonitas, levando-se em conta aqui a subjetividade do gosto pessoal. 

O espaço interno é bom – e o porta-malas garante caprichados 490 litros de capacidade. Deu para perceber que é um carro para família – pequena, mas família, não jovens em busca de status, que certamente preferirão um Peugeot 208, com motor idêntico, mas bem mais compacto. 

O Basalt usa a plataforma CMP, espécie de base para modelos da PSA, que unia as francesas Citroën e Peugeot, lembram. Tem 4,34m de comprimento e entre-eixos de 2,65m. 

O que o diferencia dos irmãos C3 e Aircross? Milímetros a menos, mas essa informação se dissipa quando se entra no Basalt – talvez pelo teto alto, mesmo decrescente da frente para trás. Isso, aliás, desaconselha qualquer adulto a ocupar o banco do meio da parte traseira.

Sem falar, de novo, que é bem mais bonito – talvez até, quem sabe, pela novidade da carroceria, popularizada no Brasil com o Fiat Fastback. Ambos compartilham um design com caimento suave para a traseira, chamando a atenção por onde passa. 

E quanto à segurança e aos pacotes de tecnologia e conveniência? Vamos lá. A tela do visor do sistema de entretenimento é retangular, uma característica da Citroën. São 10 polegadas com as informações básicas – além da gentil mensagem “quer manter o sistema ligado?” quando se desliga o carro. 

Aceita, claro, o pareamento com Android Auto e Car Play (há quem ainda não ofereça isso?). E ainda tem espelhamento sem fio. O painel de instrumentos também é completo para o padrão de preço do modelo, com 7 polegadas e quase todas as informações relevantes. 

O ar-condicionado é automático na versão testada pelo Multieixos. O volante, em couro, só tem regulagem de profundidade. Agora é a hora, então, de falar dos pontos fracos (ou a melhorar, se você preferir). 

Pelo preço da versão testada, que é a topo de linha, trata-se de um carro ‘popular’ – e, sim, dá para se usar essa expressão. Afinal, não há no país um carro 0km com preço inferior aos R$ 80 mil. 

As teclas de acionamento dos vidros elétricos traseiros ficam no vão central entre os bancos do passageiro e do motorista. Pode resultar em algum tipo de economia, mas não é nada prático para os passageiros que ficam atrás.

Os faróis ainda são halógenos – e sem acendimento automático. As DRLs, as luzes diurnas, são em LEDs – e separadas em duas partes. Há muito plástico no acabamento interno das portas. Em suma: há um excessivo uso de material simples, mesmo que o foco de atenção seja o preço. 

Ao contrário do C3 e Aircross, lançados com chave de abertura e ignição para lá de singela, o Basal Shine tem chave tipo canivete, dobrável. Custo, custo, custo: na versão topo de linha não caberia um conjunto de acionamento via aproximação e toque para portas e ignição? 

E sobre uma questão de segurança: o Basalt topo de linha tem quatro airbags, dois além dos obrigatórios (são dois de cortina, laterais). Essa quantidade é baixa, normal? Para o preço cobrado, dá para se considerar normal. 

Mas é que cada vez mais os modelos semelhantes nessa faixa de preço já ofertam até sistemas equipamentos, ou apenas, superiores – como sistema de auxílio à condução, por exemplo. 

A acústica não é boa: acelere acima dos 70km/h  ou 80km/h e sinta rapidinho o incômodo barulho do vento na cabine. 

SUV cupê tem acabamento trivial, mas um motor ágil e, principalmente, um preço conveniente para os padrões brasileiros. Por isso, investimento compensa

Enfim: apesar das observações no final deste texto, vale a compra. Mesmo com o acabamento recheado de plástico simples, tem cheiro de carro novo – o que não exige quase nenhuma manutenção por no mínimo três anos. 

Curiosidade – A origem do nome do SUV da Citroën vem de uma rocha, a balanites, que significa ‘pedra muito dura’, em latim. O basalto é uma rocha produzida por fusão a partir do magma, gerando um mineral com propriedades únicas. O nome não é inédito: em 1978, a marca lançou na Europa uma exclusiva série especial chamada GS Basalte, com itens até então presentes somente em segmentos superiores, como o sistema de lavagem dos faróis, além de um design exclusivo composto por uma pintura bitom.