A prévia da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), mostrou que os países estão longe de convergirem em vários temas. O encontro reuniu cerca de 70 delegações para debater os principais desafios da agenda climática global, abordando divergências, definindo “linhas vermelhas” e avaliando possibilidades de acordos parciais.
Segundo o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, embora tenham sido registrados avanços importantes, só nos últimos momentos da conferência em Belém será possível avaliar se haverá consenso entre os países. “Conseguimos avanços importantes, mas só nos últimos dias será possível saber se haverá consenso na maioria dos termos”, destacou, ressaltando a expectativa de resultados concretos na etapa final das negociações. “O diálogo tem sido mais maduro e com maior clareza.”
O embaixador avaliou que o evento prévio foi essencial para “mapear os limites e alinhar expectativas”. “Nesta COP, o foco é a implementação, não o consenso absoluto, com cooperação e apoio mútuo entre os países”, enfatizou.
De acordo com ele, a presidência brasileira conseguiu identificar as “linhas vermelhas”, ou seja, os limites definidos pelos países que serão levados à mesa de negociações em novembro. “Os países foram muito claros nos limites do que eles podem ou não podem aceitar num processo de negociação”, completou.
Ao fazer um balanço sobre o evento, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, chamou atenção para o Balanço Global (GST, na sigla em inglês), que avalia o progresso coletivo dos países no Acordo de Paris em mitigação das mudanças climáticas, adaptação e financiamento.
Ela destacou que esta deve ser a “COP da ação”. “Temos facilidade de iniciar ações, mas dificuldade em descontinuar práticas que parecem dar certo, mesmo quando já causam problemas”, disse.
Financiamento climático
Durante o evento, foram discutidos diversos temas, incluindo clima, natureza e florestas, com os oceanos ganhando destaque nos debates. O Brasil aposta no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) como principal mecanismo de financiamento climático. A pré-COP também abordou formas inovadoras de financiamento, como a troca de dívida por investimento climático, proposta pela Colômbia.
De acordo com a ministra, a abordagem brasileira prevê que os países contribuam conforme suas condições e capacidades. Ela acrescentou que os eventos climáticos extremos exigem respostas coordenadas e conjuntas.
A CEO da COP30, Ana Toni, destacou que há convergência entre os países sobre a necessidade de tratar a adaptação climática de forma mais estruturada. Ela também mencionou que foram discutidos novos instrumentos econômicos voltados à valorização da natureza, assim como propostas de financiamento para adaptação. “Os países concordam sobre a importância do tema, mas ainda divergem quanto aos caminhos e formatos para implementá-lo”, avaliou.
Após a crise nas hospedagens, a organização da COP30 informou que 162 delegações estão credenciadas para o encontro em Belém. Esse número confirma que o quórum mínimo — equivalente a dois terços do total de países membros da ONU — será atingido para a realização do evento e para a tomada de decisões.