Os fundos de investimento sustentável (IS) avançam em ritmo acelerado, impulsionados pelo interesse em mudanças climáticas e transição energética, temas alinhados ao debate da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).
Em julho de 2025, os fundos IS atingiram um patrimônio líquido (PL) de R$ 36,8 bilhões, alta de 48,4% em relação a dezembro de 2024 e de 89% ante o mesmo período do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A captação líquida acumulada neste ano já soma quase R$ 8 bilhões, praticamente igualando o total de 2024 (R$ 9,4 bilhões), refletindo também um aumento expressivo no número de investidores, que saltou de 80,4 mil contas em dezembro para 149,8 mil em julho.
Apesar do dinamismo, os fundos IS ainda representam parcela marginal do mercado, com apenas 0,37% do PL total da indústria. No universo ESG mais amplo, o PL é cerca de três vezes menor, alcançando R$ 10,8 bilhões, o que evidencia a predominância e o potencial de crescimento dos fundos com foco específico em sustentabilidade.
Um ponto de destaque é o viés ambiental dos fundos IS, que captam maior atenção do mercado por sua tangibilidade e por oferecerem uma tese de investimento mais perceptível, segundo especialistas. Cerca de 72% desses fundos têm objetivos ligados a questões ambientais, com foco em mudança climática e transição energética.
Renda fixa lidera
Na composição por classes, a renda fixa se consolida como protagonista: representa 65% do PL total dos fundos IS, com R$ 23,8 bilhões, e registra crescimento de 170,7% em relação a julho de 2024.
Por outro lado, fundos multimercado no segmento IS sofreram retração significativa, de R$ 3,6 bilhões para R$ 1,5 bilhão, enquanto fundos de ações mostraram variação menos expressiva, de R$ 2,6 bilhões para R$ 2,3 bilhões.
O mercado de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC) e fundos de investimento em participações (FIPs) também apresenta expansão notável. O PL dos FIDCs no segmento IS subiu de R$ 1 bilhão para R$ 3,6 bilhões na comparação anual, enquanto os FIPs avançaram de R$ 3 bilhões para R$ 4,8 bilhões.
Entre os fundos ESG, os FIPs registraram a maior alta percentual, passando de R$ 666,5 milhões em julho de 2024 para R$ 2,3 bilhões em julho de 2025, crescimento de 246%.
Os números indicam que, embora ainda representem fatia reduzida da indústria de fundos, os investimentos sustentáveis estão ganhando escala e se consolidando em nichos estratégicos, principalmente na renda fixa, reforçando a tendência global de mercado alinhada aos objetivos da Conferência do Clima.