Da floresta à pele: o poder renovador dos bioativos brasileiros

Estudo da Natura, apresentado em Cannes, revela que bioativos da Mata Atlântica e do Cerrado estimulam a produção de colágeno e elastina, diminuindo rugas

Bioativos da floresta ganham espaço na indústria cosmética, impulsionando a inovação sustentável e fortalecendo comunidades agroextrativistas. Foto: Cabron Studios.

A ciência da floresta avança sobre o território da beleza. Em Cannes, na França, a Natura apresentou resultados de um estudo inédito que coloca os bioativos brasileiros no centro da inovação cosmética mundial no combate ao envelhecimento da pele. Mais do que isso, revela como a bioeconomia pode se tornar um motor de desenvolvimento sustentável e regenerativo.

A pesquisa, conduzida por cientistas da empresa, comprovou que extratos de Casearia sylvestris (da Mata Atlântica) e Hymenaea courbaril (o jatobá do Cerrado) apresentam alta performance na melhora da firmeza, elasticidade e hidratação da pele. 

O estudo envolveu mais de 300 mulheres brasileiras, entre 30 e 95 anos, com diferentes tons de pele, e demonstrou redução de rugas e aumento da produção de colágeno e elastina após apenas 28 dias de uso.

Mas o avanço vai além da estética. Ele consolida um modelo que alia pesquisa científica, conservação ambiental e geração de renda local, transformando a biodiversidade em ativo econômico estratégico.

“Este é o primeiro estudo do mundo a comprovar o potencial clínico de bioativos brasileiros no enfrentamento da senescência celular em uma população diversa”, afirma Manuel Rios, diretor executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Natura. “Ele reforça o conceito de Well Aging, mas também mostra o poder da nossa biodiversidade como base para uma inovação que regenera, e não apenas consome.”

Do extrativismo à inovação científica

Os ingredientes usados na pesquisa têm origem em cadeias produtivas sustentáveis. A Casearia sylvestris, típica da Mata Atlântica, e o jatobá do Cerrado são produtos florestais não madeireiros, coletados por comunidades locais em sistemas de manejo que respeitam o ciclo natural das espécies.

Os bioativos estudados integram a linha Natura Chronos Derma Antissinais, desenvolvida para diferentes faixas etárias. As cadeias fazem parte da estratégia da empresa de promover o uso econômico da floresta em pé. “Vemos a Amazônia como o maior pólo mundial de bioativos de alto desempenho, o verdadeiro Vale do Silício da biodiversidade regenerativa”, destaca Rios.

O estudo chega em um momento simbólico, às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), reforçando a necessidade de o Brasil avançar em políticas de fomento à bioeconomia, atraindo investimento, infraestrutura e marcos regulatórios que valorizem o uso sustentável dos recursos biológicos.

Ao transformar o conhecimento da floresta em ciência aplicada e produtos de alto valor agregado, é possível criar um elo entre o laboratório e a comunidade, conectando a inovação tecnológica ao território.