Brasil amplia transparência de dados climáticos antes da COP30

MCTI renova parceria com CDP para integrar dados corporativos e fortalecer monitoramento das emissões antes da conferência em Belém

Pela primeira vez, os dados de emissões das empresas no CDP serão integrados graças à parceria. Foto: Freepik.

Às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), o Brasil acelera os esforços para se consolidar como referência global em transparência e governança climática. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) renovou um acordo de cooperação técnica com o Carbon Disclosure Project (CDP) — principal plataforma independente de divulgação ambiental do mundo — para ampliar a transparência e o acesso a dados sobre emissões de gases de efeito estufa no país, a partir de informações da iniciativa privada.

Com validade de quatro anos, a parceria permitirá, pela primeira vez, a integração dos dados de empresas que reportam suas emissões ao CDP, incluindo grandes corporações brasileiras. Essas informações serão incorporadas aos sistemas públicos de acompanhamento, como o SIRENE Organizacionais e o DataClima, ambos mantidos pelo MCTI.

Divulgada em primeira mão ao Correio, a iniciativa fortalece a parceria firmada em 2021. Na prática, a integração dos dados possibilita a melhora no monitoramento das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — metas assumidas pelo Brasil no âmbito do Acordo de Paris.

“Temos a convicção de que esses esforços vão apoiar diferentes iniciativas e estratégias para a redução das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, além de servir de inspiração para que outros países avancem na ambição climática”, afirmou a ministra do MCTI, Luciana Santos.

Para a CEO do CDP, Sherry Madera, o Brasil demonstra visão de longo prazo. “Ao alinhar as plataformas governamentais com as divulgações ambientais corporativas, podemos construir o retrato completo que tantas vezes tem faltado, um que apoie uma abordagem de crescimento e prosperidade para toda a economia”, disse.

O acordo também prevê cooperação técnica e científica, produção de estudos conjuntos e capacitação de empresas e organizações da sociedade civil, reforçando a aproximação entre Estado e setor privado na agenda de transição ecológica. Segundo o coordenador-geral de Ciência do Clima do MCTI, Márcio Rojas, o intercâmbio com o CDP deve “melhorar a qualidade dos relatos corporativos e ampliar o engajamento das empresas nessa pauta”.

Sem envolver repasse financeiro, a colaboração seguirá as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Além disso, o MCTI passará a endossar o ciclo anual de divulgação do CDP, estimulando mais companhias brasileiras a aderirem ao reporte ambiental.

Com a nova parceria, o Brasil pretende usar a transparência como instrumento de credibilidade internacional, mostrando avanços no monitoramento das emissões e na implementação das metas do Acordo de Paris.