Os consumidores brasileiros continuam sob pressão em setembro. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter a bandeira vermelha patamar 2 pelo segundo mês consecutivo — o nível mais caro do sistema de bandeiras tarifárias. A decisão implica cobrança extra de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos e reflete o aumento do acionamento de termelétricas em meio a um cenário de chuvas muito abaixo da média.
Em junho e julho, vigorou a bandeira vermelha patamar 1, com acréscimo de R$ 4,46 por 100 kWh. A piora das condições hidrológicas levou à mudança para o patamar 2 em agosto, agora prorrogado também para setembro.
Os números preocupam. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios que em abril estavam em 69% da capacidade devem cair para 55% até outubro.
A queda é mais acentuada no Sudeste e Centro-Oeste, regiões responsáveis por grande parte da geração hidráulica do país. A menor oferta hídrica força o aumento da participação das térmicas, mais caras e poluentes, com reflexos imediatos na tarifa paga pelos consumidores.
Diante desse cenário, alternativas sustentáveis ganham relevância. O modelo de energia solar por assinatura tem ganhado cada vez mais adesão por oferecer inovação, liberdade de escolha e uma economia média de 20% na conta de luz em comparação com as tarifas tradicionais.
“Em momentos como esse, com os reservatórios muito abaixo da média, cresce a busca por alternativas mais previsíveis. A geração distribuída se mostra uma solução eficiente e acessível”, afirma Gustavo Ayala, CEO do Grupo Bolt.
Mercado livre
A pressão tarifária também acelera o interesse pelo mercado livre de energia, especialmente entre empresas de médio e grande porte, cujo consumo elevado torna o impacto das bandeiras ainda mais significativo. Nesse ambiente, companhias podem negociar contratos diretamente com geradores e comercializadores, obtendo descontos de até 30% em relação às tarifas do mercado cativo.
“O mercado livre se consolidou como um caminho estratégico para reduzir custos e garantir previsibilidade. Em momentos de tarifas elevadas, a migração representa uma forma de blindagem contra a volatilidade”, avalia Matheus Machado, especialista em inteligência de mercado do Grupo Bolt.
Desde janeiro de 2024, todas as empresas conectadas em média tensão já têm direito a migrar para o mercado livre. A expectativa do setor é que, em breve, essa possibilidade também se estenda aos consumidores residenciais, ampliando a concorrência e a liberdade de escolha.
A manutenção da bandeira vermelha patamar 2 expõe a fragilidade da dependência hídrica e reforça a necessidade de diversificação da matriz energética brasileira. Ao mesmo tempo em que pressiona famílias e empresas, o momento abre espaço para acelerar a transição rumo a modelos mais sustentáveis, que combinem economia, segurança no fornecimento e menor impacto ambiental.