Rombo fiscal acumulado em 12 meses até maio soma 2,4% do PIB

Após registrar rombo fiscal de R$ 60,9 bilhões em maio, contas públicas do governo central chega a R$ 268,4 bilhões no acumulado em 12 meses

Coletiva Resultado do Tesouro Nacional Foto: Washington Costa/MF

O Tesouro Nacional divulgou, nesta quarta-feira (26/6), um rombo fiscal de R$ 60,9 bilhões nas contas do governo central, em maio, resultado do descompasso entre o aumento das despesas, que cresceu 14%, em termos reais (descontada a inflação), no mês passado, e a receita líquida, que aumentou 9%, na mesma base de comparação. Conforme dados apresentados aos jornalistas pelo secretário do Tesouro, Rogério Ceron, o saldo foi o pior desempenho em termos reais para o mês desde 2020.

No acumulado em 12 meses até maio, o deficit primário do governo central segue muito acima da meta fiscal, pois o saldo negativo chegou a R$ 268,4 bilhões, o equivalente a 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), a preços corrigidos pela inflação. Esse dado está bem distante da promessa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de zerar deficit das contas públicas.

Após a mudança da meta, a previsão de saldo negativo permite um rombo fiscal de até R$ 27,5 bilhões. Essa marca, contudo já foi superada de janeiro a maio, ao somar um deficit de R$ 30 bilhões, e, portanto, o sinal de alerta está aceso e, por isso, tanto mercado quanto Banco Central estão atentos com a piora visível das contas públicas.

O governo central engloba o Tesouro, o Banco Central e a Previdência Social e, esta última, apresentou, sozinha, um deficit maior do que o total, de R$ 61 bilhões, apenas no quinto mês do ano. E, no acumulado de janeiro a maio, esse rombo somou R$ R$ 153,3 bilhões — aumento real de 29,9% em relação ao mesmo período de 2023. Os benefícios previdenciários seguem sendo são as maiores despesas obrigatórias das contas do governo federal, mesmo após a reforma da Previdência, em 2019.

E, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dando sinais de que pretende continuar gastando muito mais do que a arrecada — o que só aumenta o endividamento público se não houver revisão de gastos — será difícil conseguir reequilibrar as contas públicas. Analistas do mercado são unânimes em afirmar que a questão fiscal é um dos principais motivos para que o fim do ciclo de corte da taxa básica da economia (Selic). Está visível que, mesmo com receitas extraordinárias turbinando a arrecadação, que bateu novo recorde em maio, o governo federal não consegue recursos suficientes para fazer frente às despesas que não param de crescer. Com eleições chegando,as torneiras serão abertas novamente em todos os níveis da federação, infelizmente.

Incoerências

Como dinheiro não nasce em árvore, está cada vez mais urgente a necessidade de se discutir o Orçamento e rever despesas e benefícios que não impactam na atividade, assim como privilégios para uma casta de pessoas que não querem abrir mão de mordomias. Igrejas que viraram negócio e não pagam impostos pipocam pelo país, contribuintes fieis e não fieis financiam essa farra.

Na Inglaterra, por exemplo, parlamentares andam de metrô e não possuem motoristas e veículos particulares. Na Noruega, primeiro-ministro ia para o escritório de bicicleta. Cenas inimagináveis no Brasil.

Enquanto isso, o Brasil segue condenado a ser um país pobre e subdesenvolvido apesar das riquezas naturais porque não há uma política de verdade para a distribuição de renda. E com isso, a população segue passiva e arcando com custos de penduricalhos excessivos que fazem com que o teto do funcionalismo, de R$ 44 mil por mês, seja ultrapassado mais de uma vez, precisa chegar.

E ainda sequer ficam perplexos com o fato de que pensões de viúvas e de filhas de militares gordas e vitalícias não existe em nenhum lugar do mundo. E como a carga tributária está no seu limite, o governo precisará achar recursos para financiar esse Estado paquidérmico e ineficiente cheio de jabuticabas custosas.