Pronunciamento de Lewandowski recebe críticas até de ex-companheira de Marielle

ROSANA HESSEL   Um dia após a reunião ministerial onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enquadrou os integrantes do primeiro escalão do governo cobrando mais notícias positivas ante ao derretimento da aprovação da atual gestão petista nas pesquisas de opinião, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, tem a […]

ROSANA HESSEL

 

Um dia após a reunião ministerial onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enquadrou os integrantes do primeiro escalão do governo cobrando mais notícias positivas ante ao derretimento da aprovação da atual gestão petista nas pesquisas de opinião, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, tem a brilhante ideia de chamar jornalistas para um anúncio sobre o caso do assassinato da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSol) e de seu motorista Anderson Gomes, em busca de algum fato positivo, mas deu um tiro no pé. 

 

Além de causar indignação com um pronunciamento bem rápido e sem direito a perguntas e respostas em meio ao fiasco das buscas dos fugitivos de Mossoró (RN), Lewandowski recebeu críticas até da ex-companheira de Marielle, a vereadora Monica Benicio (PSol), com a empreitada. Nas redes sociais, a vereadora escreveu que ficou surpresa com o pronunciamento do ministro e que a fala dele “em nada colabora com a esperança, apenas aumenta as especulações e uma disputa de protagonismo político que não honram as duas pessoas assassinadas”. 

 

“Transformar os fatos deste caso num espetáculo já virou prática corriqueira de diversos veículos de imprensa, contra a qual tenho lutado duramente. O que me causou surpresa, realmente, foi ver um ministro de Estado agir do mesmo modo, em especial, com o fechamento vazio de seu pronunciamento, ao dizer ‘brevemente pensamos que teremos resultados concretos’”, acrescentou Monica Benício no X, antigo Twitter.

 

O breve pronunciamento de Lewandowski acabou ainda enquanto jornalistas ainda chegavam ao prédio do ministério e eram barrados pelos seguranças da pasta para uma burocracia obsoleta de preenchimento de papeis com dados como número de série de notebook para conferência na saída — algo que levava 10 minutos a 15 minutos mais para cada pessoa — uma prática abolida em vários órgãos da Esplanada e remanescente apenas nos mais burocráticos, pelo visto.

 

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) fez um anúncio relâmpago sobre a homologação da delação premiada de Ronnie Lessa, acusado de ser um dos responsáveis pela morte da vereadora, sem responder a perguntas dos jornalistas que estavam presentes. Enquanto isso, outros chegavam tentando entender o que tinha acontecido, pois até os jornalistas mais acostumados em cobrir o setor judiciário comentaram após o evento que o fato foi surreal, mostrando a clara intenção de Lewandowski apenas tentar gerar um fato positivo, de forma desorganizada. 

 

“Nós sabemos que essa colaboração premiada, que é um meio de obtenção de provas, traz elementos importantíssimos que nos levam a crer que brevemente nós teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco”, disse o ex-magistrado, sem dar muitos detalhes do processo — que se encontra sob segredo de justiça.