Itaú Unibanco revisa cenários e prevê juros de 13% ao ano no fim de 2026

Pelas novas projeções do banco, PIB crescerá 3,6% neste ano, mas segue desacelerando nos anos seguintes. Previsões para inflação e contas públicas pioram

Apesar de acabar de revisar a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 3,2% para 3,6%, o Itaú Unibanco mantém uma expectativa de um quadro preocupante para as contas públicas. Para 2025, o banco também melhorou a previsão de expansão do PIB, de 1,8% para 2,2%, devido à melhora nas expectativas para a produção agrícola no próximo ano. 

De acordo com os analistas de analistas da instituição liderada pelo economista-chefe Mario Mesquita, o impacto fiscal do pacote anunciado por Haddad, o pacote “fiscal tem poucas mudanças estruturais”, frustra e mantém incertezas. Além disso, “pode ser insuficiente para garantir cumprimento do arcabouço fiscal até 2026”.

As novas estimativas para a inflação oficial deste ano foram revisadas de 4,8% para 4,9%, e, para 2025, a expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 5%, passando para 4,3%, em 2026. Conforme as novas projeções, a cotação do dólar vai seguir valorizada, em torno de R$ 5,70 entre 2025 e 2026, e, como o impacto do pacote fiscal será menor do que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, o Banco Central será obrigado a manter a política monetária mais contracionista nos próximos anos.

Pacote fiscal limitado

Em vez do corte de R$ 71,9 bilhões nos anos de 2025 e 2026 previsto pelo governo, pelas estimativas de equipe do Itaú será de R$ 56 bilhões. Para 2025, o impacto será de R$ 32 bilhões, “abaixo da necessidade estimada de corte de gastos de R$ 40 bilhões”. 

Pelas perspectivas do Itaú Unibanco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguirá zerar o deficit primário das contas públicas até o fim do mandato. O banco prevê rombos fiscais de 0,4% do PIB, em 2025, e de 0,7% do PIB, em 2026. “O quadro fiscal segue sem melhora estrutural e com riscos crescentes tanto de receitas, com a tramitação da reforma do imposto de renda, quanto de despesas, com a dificuldade de cumprimento do limite de despesas do arcabouço”, destacou o relatório do banco divulgado nesta sexta-feira (13/12).

Após o Banco Central elevar a taxa básica da economia (Selic) em 1,0 ponto percentual, para 12,25%, na última quarta-feira (11), e sinalizar mais duas altas da mesma magnitude em 2025, a equipe de Mario Mesquita prevê que a taxa Selic poderá chegar a 15% ao ano no fim do ciclo de aperto monetário, iniciado em setembro, em linha com as novas estimativas do mercado para os juros. Antes, a previsão era de 13,50% anuais. Mas, no fim do próximo ano, o banco estima que os juros ainda comecem a cair para 13% ao ano até o fim de 2025, mantendo-se nesse patamar até dezembro de 2026, pelo menos.

Economia global

Pelas novas estimativas do Itaú Unibanco, o cenário global segue com crescimento forte da economia dos Estados Unidos e juros caindo menos e terminando o ciclo de cortes do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) para o intervalo de 4% e 4,25% ao ano. “A atividade econômica dos EUA continua resiliente, levando a ainda menos cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano)”, destacou outra nota do banco, que elevou de 2,2% para 2,5%, a previsão de crescimento do PIB dos EUA em 2025. Para 2026, a previsão é de expansão no mesmo patamar.