inflação nos Estados Unidos registrou alta de 0,3% em novembro, apresentando leve aceleração em relação ao avanço de 0,2% em outubro, conforme dados divulgados, nesta quarta-feira (11/12), pelo órgão de estatísticas do Departamento do Trabalho norte-americano, o BLS. O dado ficou acima do esperado pelo mercado e, no acumulado do ano, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) norte-americano registrou alta de 2,7%.
A inflação mais alta acima do esperado nos Estados Unidos pode ser mais um item para os analistas ficarem atentos ao comunicado de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro, que termina hoje. De acordo com dados de Jason Vieira , economista-chefe da MoneYou, a probabilidade de uma alta de 75 pontos-base, na taxa básica da economia (Selic), para 12% ao ano, é de 47% e, de 100 pontos-base, para 12,25% ao ano, de 43%.
“O cenário para o alta de juros foi catalisado pela questão fiscal, baixa qualidade do pacote de cortes de gastos e da comunicação do governo, forte desvalorização cambial e elevação das pressões inflacionárias, especialmente com alta de alimentos deterioração das expectativas e da qualidade dos núcleos inflacionários”, afirmou.
Francisco Nobre, economista da XP, acredita que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), deverá realizar um corte de 25 pontos-base nos juros norte-americanos, atualmente no intervalo de 4,50% a 4,75%. “Os dados de inflação dos EUA vieram levemente acima do esperado, mas não devem alterar o cenário de corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros em dezembro”, afirmou. “Para a política monetária, o índice que realmente importa é o Índice de Preços das Despesas Pessoais (PCE, na sigla em inglês), que será divulgado no fim do mês. Em outubro, o PCE acumulou em 12 meses alta de 2,3% e acelerou frente ao registrado no mesmo período até setembro, de 2,1%.
Pelas projeções da XP, o Fed deverá realizar cortes graduais em 2025, com os juros norte-americanos recuando para uma taxa terminal de 3,5%, e a política monetária seguirá restritiva ao longo do ano. “Mas os riscos são de alta, e o Fed pode interromper o ciclo de flexibilização para avaliar os impactos na economia. O mercado já não espera mais cortes rápidos como há dois meses. A postura agora é mais cautelosa, com juros em patamar restritivo até a inflação convergir para a meta”, destacou.
Na avaliação do economista Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, os dados do CPI norte-americano foram em linha com o esperado e “as aberturas não foram ruins. “Houve alguma pressão na parte de energia, principalmente, energia elétrica, combustíveis registraram queda de preços”, destacou. Para ele, o resultado não deve pressionar o Fed para acelerar o ritmo de corte dos juros na semana que vem. “Eles devem reduzir a taxa de juros em 25 pontos-base, mas, para a reunião de janeiro, me parece que eles vão sinalizar uma pausa para aguardar um pouco do início do governo Donald Trump, e isso também não muda muito os planos deles que devem subir a projeção de juros”, afirmou.