ROSANA HESSEL
A inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou a acelerar, passando de 0,12%, em julho, para 0,23%, em agosto, puxada por transportes e energia elétrica, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (12/9).
O dado ficou levemente abaixo do esperado pelo mercado, de 0,26%, mas apresentou mais espalhamento da carestia nos produtos analisados pelo IBGE, o que fez o IPCA acelerar de 3,99% para 4,61% no acumulado em 12 meses. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram alta no mês de agosto, de acordo com o órgão ligado ao Ministério do Planejamento e Orçamento. Com isso, a taxa de difusão da carestia nos preços subiu de 46%, em julho, para 53%, no mês passado.
O maior impacto positivo, de 0,17 ponto percentual, e a maior variação, de 1,11%, vieram do grupo Habitação, com alta puxada pelos reajustes nas taxas de água e esgoto, como o de 5,02% em Brasília. Na sequência, com elevações de 0,58% e de 0,34%, em agosto, vieram os grupos de Saúde e cuidados pessoais e Transportes, respectivamente, e impactos de 0,08 e 0,07 ponto percentual.
Entre os itens pesquisados, a energia elétrica liderou o impacto no IPCA, de 0,18 ponto percentual — em grande parte devido ao fim do Bônus de Itaipu –, seguida pela gasolina, de 0,06 ponto percentual, e pelo automóvel novo, de 0,05 ponto percentual.
No lado das quedas, o grupo Alimentação e bebidas caiu pelo terceiro mês consecutivo, registrando deflação de 0,85% e impacto de -0,18 ponto percentual no IPCA. Os demais grupos ficaram entre o recuo de 0,09% de Comunicação e a alta de 0,69% de Educação.
Inflação dos mais pobres
De acordo com os dados do IBGE, a inflação dos mais pobres, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi menor do que o impacto do IPCA de agosto.
O INPC, que mede a inflação das famílias com renda de até cinco salários mínimos mensais, teve alta de 0,20% em agosto, acima da variação do mês anterior (de -0,09%).
Os produtos alimentícios apresentaram variação de -0,91% em agosto, após queda de 0,59% em julho. Nos produtos não alimentícios, foi registrada alta de 0,56%, acima do resultado de 0,07% observado em julho.
Base para a correção do piso salarial, o INPC acumula alta de 2,80% no ano. Nos últimos 12 meses, subiu 4,06%, acima dos 3,53% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em agosto de 2022, o indicador registrou deflação de 0,31%.