Depois de cair duas posições, em 2024, no Ranking de Competitividade Global do International Institute for Management and Development (IMD), o Brasil subiu quatro colocações na pesquisa do instituto com sede em Lausanne, na Suíça, neste ano, passando do 62º lugar para o 58º, em uma lista de 69 economias.
A Venezuela segue em último lugar, conforme dados da pesquisa divulgada nesta segunda-feira (16/6). Já a Argentina, também subiu quatro posições, e passou de 66º para 62º – antiga colocação do Brasil – na listagem liderada pela Suíça, referência em instituições de excelência na formação de líderes e gestores.
Apesar desse avanço no ranking deste ano, com a melhor colocação desde 2021, o Brasil não tem muito o que comemorar, de acordo com Hugo Ferreira Braga Tadeu, diretor do núcleo de Inovação, Inteligência Artificial e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC), parceira do IMD na elaboração da pesquisa. Segundo ele, o país tem muitos problemas estruturais e precisa avançar em segmentos em que está na lanterna no ranking, especialmente em gestão do governo, na área de educação, na qualidade da mão de obra, assim como no custo do capital para investimento — consequência do alto patamar de juros atual.
“O Brasil ainda está no bloco final dos países menos competitivos, porque insiste em uma agenda que não é uma agenda de reforma e de abertura comercial, que não é de simplificação tributária, que não é de livre comércio e que não de inovação em tecnologia e nem em formação da mão de obra”, lamentou.
De acordo com os dados da pesquisa, o Brasil, por exemplo, está em penúltimo lugar em Eficiência Governamental – um dos quatro fatores utilizados na metodologia do ranking –, à frente apenas da Venezuela, que é governado por uma ditadura de esquerda. Em Infraestrutura, o país está na 58ª colocação, mesma classificação do ranking geral, mas quando esse indicador é aberto, os pontos fracos saltam aos olhos, como educação – área em que os países que lideram o ranking mais investem. Em habilidades linguísticas, o Brasil está em último lugar. Em educação primária e secundária, em penúltimo. Em educação em gestão e em educação universitária, em 67º.
Os 10 primeiros colocados no ranking repetem o comportamento dos últimos 10 anos, e investem pesado em tecnologia e mão de obra, enquanto o Brasil segue priorizando ser um mero exportador de commodities, segundo Hugo Tadeu. “Competitividade é uma agenda de longo prazo e não adianta as lideranças continuarem nessa agenda de riqueza por commodities, sem investir em segurança pública, em mão de obra qualificada, em melhoria da renda média. O Brasil continua sendo um país cheio de distorções, com 1% da população entre os mais ricos, e muita discrepância salarial”, destacou o professor da FDC.
Além da Venezuela, destacam-se nas últimas posições Namíbia (68º), Nigéria (67º), Turquia (66º), Mongólia (65º) e África do Sul (64º). Esses países, segundo o IMD, continuam enfrentando questões como instabilidade institucional, baixa integração econômica e infraestrutura precária. O relatório ainda reforça a forte presença de países asiáticos e da Europa entre as primeiras colocação do ranking devido às estratégias bem-sucedidas de longo prazo em educação, inovação e governança.
Veja alguns detalhes do ranking deste ano do IMD
