Genial/Quaest: Trump ajuda a melhorar a aprovação de Lula

Conforme os dados da pesquisa, a desaprovação do governo Lula recuou de 57% para 53%, entre maio e julho, e a aprovação subiu de 40% para 43%, no mesmo período, principalmente, fora da base de apoio do petista

Donald Trump (Photo by ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)

Apesar de tentar proteger o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com novo tarifaço ao Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parece estar ajudando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a recuperar a aprovação entre os eleitores. A polêmica em torno da sobretaxa de 50% a produtos brasileiros anunciada pelo republicano recentemente ajudou a reduzir a desaprovação e a aumentar a aprovação do governo Lula, principalmente, fora da base de apoio do petista, conforme dados da 4ª rodada de 2025 da Pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (16/7).

A desaprovação do governo Lula recuou de 57%, em maio, para 53%, em julho, de acordo com o levantamento. Enquanto isso, a aprovação subiu de 40% para 43%, na mesma base de comparação. Na edição anterior, a aprovação do governo estava no menor patamar desde o início do terceiro mandato do petista, em 2023.

Curiosamente, para 72% dos entrevistados, Trump está errado ao impor taxas sobre produtos brasileiros por acreditar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo perseguido no Brasil e 57% acham que o mandatário dos EUA não tem direito de criticar o processo em que o ex-capitão é réu em processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). 

A avaliação negativa do governo Lula, por sua vez, recuou de 43% para 40% e a positiva subiu de 26% para 28%, na mesma base de comparação. Mais da metade dos entrevistados (55%) acredita que Lula provocou Trump ao criticá-lo no encontro de cúpula dos Brics+, que foi ampliado para 11 países-membros, no Rio de Janeiro, no início deste mês. 

A pesquisa ainda revela que 53% dos eleitores acreditam que o governo brasileiro está certo ao reagir com reciprocidade ao aumento tarifário de Trump.

Fora da base

A pesquisa da Quaest, realizada em parceria com a Genial Investimentos, indicou que a melhora da aprovação do governo Lula foi mais expressiva fora da base de apoio tradicional do chefe do Executivo. Entre os eleitores da região Sudeste, a aprovação do governo passou de 32% para 40% entre maio e julho. Enquanto isso, a desaprovação recuou de 64% para 56%. 

“A recuperação do governo aconteceu na classe média, com maior escolaridade, no Sudeste. São os segmentos mais informados da população, que se percebem mais prejudicados pelas tarifas de Trump, e que consideram que Lula está agindo de forma correta até aqui, por isso passam a apoiar o governo “, comentou Felipe Nunes, CEO da Quaest, em comunicado sobre a pesquisa que passará a ser mensal a partir de agosto.

Conforme os dados do levantamento, no Nordeste, principal reduto dos eleitores do presidente, a aprovação ficou praticamente estável, passando de 54% para 53%. Na região Sul, o percentual de desaprovação variou de 62% para 61% e a aprovação passou de 37% para 35%, entre maio e julho. E, no Centro-Oeste/Norte, a aprovação oscilou de 42% para 40%, e a desaprovação ficou estável em 55%, no mesmo período.

Os dados da pesquisa indicam que a aprovação entre os beneficiários do Bolsa Família oscilou de 51%, em maio, para 50%, em julho, atingindo o menor patamar desde o início da pesquisa. E, entre os não beneficiários, subiu de 37% para 41%, no mesmo período. 

Na comparação entre os eleitores de renda de até dois salários mínimos, a aprovação e a desaprovação ficaram praticamente estáveis, em 46% e 49%, respectivamente. Na edição anterior, esses percentuais eram de 46% e 51%.

Entre os eleitores com rendas maiores, a melhora foi mais expressiva. No grupo daqueles com renda de dois a cinco salários mínimos, a aprovação do governo avançou mais, passando de 39% para 43%, entre maio e julho. Já a desaprovação recuou de 58% para 52%.  E, entre os eleitores com renda acima de cinco salários mínimos, a aprovação avançou de 33% para 37%, na mesma base de comparação. A desaprovação, por sua vez, recuou de 64% para 61%. 

Na comparação com religião, Lula segue com rejeição elevada entre os evangélicos. A aprovação do governo entre os católicos subiu de 45% para 51%, entre maio e julho. Já entre os evangélicos, caiu de 30% para 28%. A desaprovação entre os evangélicos subiu de 66% para 69%, mas caiu entre os católicos, de 53% para 45%.

Economia

A percepção dos eleitores de que a economia piorou nos últimos 12 meses recuou de 56%, em maio, para 46%, em julho. Todavia, o poder de compra dos brasileiros é considerado menor do que há um ano para 80% dos entrevistados, dado levemente acima dos 79% de  maio. O mercado de trabalho é motivo de preocupação para 56% dos eleitores, que consideram que hoje é mais difícil conseguir emprego do que há um ano. 

A violência continua sendo a principal preocupação dos eleitores, de 25% contra 27% na pesquisa anterior. Problemas sociais são a maior preocupação para 20%, contra 19% em maio.  

A pesquisa da Quaest, em parceria com a Genial Investimentos, foi feita entre os dias 10 de julho e 14 de julho. Foram ouvidos 2.004 brasileiros de 16 anos ou mais por meio de entrevistas presenciais que utilizam questionários estruturados. A margem de erro esmada é de dois pontos percentuais e o índice de confiança é de 95%. 

Veja alguns destaques da pesquisa