Genial/Quaest: Reprovação de Lula sobe para 90% após pacote fiscal e mercado perde confiança em Haddad

Nova edição da pesquisa Genial/Quaest junto ao mercado financeiro revela que, após pacote fiscal, reprovação do governo Lula dispara e Haddad é considerado mais fraco para 61% dos entrevistados

Os tropeços do governo na divulgação do pacote de ajuste fiscal e do atraso para o envio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do corte de gastos para o Congresso, estão custando caro para a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a credibilidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, junto ao mercado financeiro. 

Conforme dados da pesquisa Genial/Quaest sobre “O que pensa o mercado financeiro”, divulgada nesta quarta-feira (4/12), a reprovação de Lula chegou a 90%, acima dos 64% registrados na edição anterior, em março de 2024 – aumento de 26 pontos percentuais. Já a avaliação positiva atingiu apenas 3% dos entrevistados. Menor patamar desde maio de 2023, de 2%.

Para 61% dos entrevistados, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está mais fraco do que no começo do mandato. Em março deste ano, esse percentual era de apenas 14%. A avaliação positiva do trabalho do chefe da equipe econômica caiu de 50%, na edição de março para 41%, menor patamar desde novembro de 2023.

Ao anunciar o pacote de corte de gastos de pouco mais de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, Haddad perdeu credibilidade ao antecipar um anúncio de renúncia fiscal, mesmo que para 2026, prevendo aumento da isenção do Imposto de Renda para quem ganha R$ 5 mil sem ao menos dar uma previsibilidade de quando o governo vai zerar o rombo das contas públicas e voltar ao azul no resultado primário.

De acordo com o levantamento da Quaest em parceria com a Genial Investimentos, a totalidade dos entrevistados, ou seja, 100%, considera que o arcabouço fiscal tem pouca ou nenhuma credibilidade. Na avaliação de 96% deles, a política econômica está na direção errada. Em março, esse percentual era de 71%. Não à toa, a perspectiva de piora da economia saltou de 32%, em março para 88%, neste mês.

Nos padrões atuais, a regra de gasto do arcabouço fiscal só se sustenta até 2025 para 37% dos entrevistados. E, para 34% dos pesquisados, essa norma conseguirá ficar em pé até 2026. Os dados da pesquisa mostram ainda que, embora os entrevistados admitirem que a lista de medidas do pacote fiscal ajuda a economia, no conjunto, ele é pouco satisfatório para 42% e nada satisfatório para 58% dos pesquisados.  

Banco Central e juros

A indicação do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, para suceder a Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central é aprovada por 62% dos entrevistados. Outros 38% desaprovam o nome do economista, que era o número dois do Ministério da Fazenda. De acordo com o levantamento, embora a maioria (56%) acredite que Galípolo tomará decisões técnicas, 44% dos entrevistados apostam em decisões sob influência política no comando da autoridade monetária. 

Na avaliação da maioria dos entrevistados, a taxa básica da economia (Selic), atualmente em 11,25% ao ano, vai subir 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre na próxima semana. 

A pesquisa da Quaest, realizada entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, reflete a reação do mercado financeiro ao pacote fiscal anunciado por Haddad. Foram feitas 105 entrevistas com gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão de fundos de investimento com sede em São Paulo e no Rio. 

Veja alguns destaques da pesquisa:

Dados da nova edição da pesquisa Genial/Quaest junto ao mercado financeiro, reprovação de Lula sobe para 90% e poder de Haddad é menor do que no início do governo para 61% dos entrevistados