Genial/Quaest: Entre deputados, avaliação positiva de Lula empata com negativa

Pesquisa "O que pensam os deputados", da Genial/Quest revela que, apesar do empate técnico, avaliação negativa recuou entre independentes e de direita. Já Fernando Haddad é o ministro com pior avaliação

Brasília (DF) 03/06/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A quarta edição da pesquisa Genial/Quaest “O que pensam os deputados federais”, divulgada nesta quarta-feira, mostra forte recuperação da avaliação positiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na chance de sua reeleição em 2026. Além disso, houve queda na avaliação negativa entre parlamentares independentes e até de direita.

Com isso, segundo o levantamento, houve um empate técnico entre as avaliações positiva e negativa do governo petista, de 38% e 40%, respectivamente. Na pesquisa anterior, de junho, 46% tinham avaliação negativa e 27% eram positiva.

O estudo foi realizado entre os dias 29 de outubro e 11 de dezembro, com entrevistas presenciais e on-line. Foram ouvidos 167 deputados (33% do total) de todas as regiões do Brasil. A margem de erro estimada é de sete pontos percentuais.

Entre os parlamentares que se declaram independentes, a avaliação negativa de Lula recuou de 44% para 24% e a positiva subiu de 8% para 21%. Já entre os oposicionistas da direita , a avaliação negativa curiosamente caiu de 86% para 70%.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é o mais mal avaliado do governo, com 42% de respostas negativas. O chefe da equipe econômica de Lula figura entre os ministros do governo petista com a menor avaliação positiva, a frente apenas de Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).

Haddad, em entrevista ao jornal O Globo, afirmou que pretende deixar a pasta e se dedicar à campanha de Lula em 2026. Contudo, não deu data de quando pretende deixar o comando da Fazenda. O prazo para desencompatibilização termina em abril.  

Em relação às eleições de 2026, a aposta em Lula como favorito subiu de 35% para 43%, empatando tecnicamente com os que apostam em candidato da oposição, que são 42%.

A chance de eleição de um candidato de oposição sem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) divide ao meio as opiniões, segundo a pesquisa: 42% acreditam que é possível eleger-se sem esse apoio, 42% pensam o contrário.

Para o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, um dos resultados mais interessantes da pesquisa vem da categorização dos deputados na escala de posicionamentos políticos: lulista, esquerda não lulista, independente, direita não bolsonarista e bolsonarista.

“Os cruzamentos por essas categorias mostram como a direita bolsonarista e a direita não bolsonarista se diferenciam em temas relevantes, como a taxação de fintechs, a segunda fase da reforma tributária, a regulação de trabalhadores de aplicativos e a avaliação sobre a chance de a oposição vencer a eleição do ano que vem sem o apoio o ex-presidente Jair Bolsonaro.”

Avaliação de Hugo Motta piora

A avaliação do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que recentemente revelou seu lado truculento contra jornalistas e governistas, piorou em relação à edição de junho.

A avaliação positiva do parlamentar entre os colegas despencou 13 pontos percentuais, de 68% para 55%. Entre os independentes, o recuo foi de 82% para 70%, entre governistas, de 77% para 44%. Na oposição, o resultado ficou estável, oscilando positivamente de 47% para 49%.

A relação entre governo Lula e Congresso continua avaliada negativamente por 50% dos deputados, percentual próximo ao de junho, 51%, segundo o levantamento.

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, é a interlocutora mais efetiva no governo, na opinião de 21% dos deputados, seguida pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Em junho, Gleisi era apontada por 12% como a principal interlocutora e Padilha, por 9%. Vinte e nove porcento dos entrevistados responderam “outros, 14% disseram não ter interlocutor e 18% não sabem, ou não responderam.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o mais mal avaliado do governo, com 42% de respostas negativa. O chefe da equipe econômica de Lula figura entre os com as menor avaliação positiva, a frente a penas de Rui costa e Alexandre Silveira.  

Propostas em debate

A pesquisa teve um bloco de propostas em debate na Câmara. As que contam com maior apoio dos deputados são a legislação que regula o trabalho em aplicativos (66%), seguida por tarifa zero (65%). A segunda parte da reforma tributária é apoiada por 60%.

Sobre os caminhos para atingir a meta fiscal, as duas propostas que contam com maior apoio – 90% – são a redução dos gastos com supersalários no setor público e o aumento da taxação de das empresas de apostas. O aumento da taxação das fintechs é apoiado por 65% e a redução dos benefícios fiscais das empresas, por 58%, índice próximo ao da redução dos gastos com previdência dos militares (57%).

Para 43%, a violência é o maior problema do Brasil, com alta de 20 pontos percentuais sobre o resultado de junho. A pesquisa traz um bloco de propostas em discussão para enfrentar a escalada da violência e pergunta sobre a PEC da Segurança Pública, que ganhou apoio: 49% são a favor e 39% contra – em junho, 42% eram a favor e 42%, contra.

A pesquisa perguntou sobre os planos dos congressistas para 2026 e constatou que 83% pretendem se candidatar à reeleição como deputado. Apenas 6% pretendem concorrer a outro cargo e 4% não planejam candidatura. O resultados são semelhantes em todos os recortes: governo, independente, oposição; esquerda, direita e centro; lulista, esquerda não lulista, direita não bolsonarista e bolsonarista. Entre independentes, 60% querem se candidatar, 7% não e 26% não sabem, ou não responderam.

Veja alguns destaques da pesquisa