Genial/Quaest: 31% dos eleitores culpam governo Lula por fraude no INSS

Dos 82% dos entrevistados que souberam do escândalo, 31% apontaram o governo Lula como responsável, enquanto 8% apontaram o governo Bolsonaro

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva durante coletiva de imprensa. Palácio do Planalto, Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Além de apontar novo recorde na desaprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a terceira edição da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (4/6), dedicou um bloco ao esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e constatou que, nas respostas espontâneas, o governo Lula é apontado como principal responsável.

O levantamento da Quaest feito em parceria com a Genial Investimentos mostra que 82% dos entrevistados tiveram conhecimento do escândalo das fraudes no INSS e apenas 18% disseram que não souberam.  E, entre os que sabiam do escândalo, 31% disseram que consideram o governo Lula responsável pelo desvio do dinheiro descontado de  aposentadorias e pensões. 

O governo Jair Bolsonaro (PL) foi apontado como responsável pelo escândalo por 8% dos entrevistados — mesmo percentual para as entidades que fraudaram a assinatura dos aposentados. O escândalo de corrupção no INSS deflagrado por investigações da Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões para aposentados e pensionistas entre os anos de 2019 e 2024.

Segundo a pesquisa da Quaest, para a grande maioria dos entrevistados, 93%, a devolução dos recursos desviados deve ser prioridade do governo. Contudo, para 52% dos eleitores, a prioridade do governo Lula deveria ser devolver o dinheiro apenas com os recursos que forem bloqueados das entidades investigadas, enquanto 41% acham que o dinheiro deve ser devolvido mesmo que seja necessário usar recursos públicos.  Outros 7% não souberam ou não responderam.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS é considerada importante por 50% dos eleitores e 41% deles avaliam que a investigação da Polícia Federal é suficiente. Nesse grupo, a oposição só quer desgastar o governo com a proposta de CPI.  

Metade dos entrevistados respondeu que está vendo mais notícias negativas do que positivas do atual governo, segundo a pesquisa. E a principal notícia negativa foi o escândalo de corrupção do INSS, seguido por corrupção, pela inflação e pela má gestão dos gastos públicos. A desaprovação do governo Lula bateu novo recorde desde o início do mandato, chegando a 57% em maio.

“A forte repercussão de notícias como o escândalo do INSS diminuiu o efeito positivo da economia e do lançamento dos novos projetos e programas do governo. O eleitor está mais difícil de ser convencido, e o governo ainda não conseguiu atender às expectativas produzidas durante a eleição. O governo está perdendo tempo”, afirmou Ricardo Nunes, cientista político e CEO da Quaest.

Confusão do IOF

Outra polêmica recente enfrentada pelo governo, o atropelo no anúncio de mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que depois recuou em parte do pacote, ainda não foi bem absorvido pelos eleitores.

Conforme os dados da pesquisa, a maioria dos entrevistados (58%) não ficou sabendo sobre as mudanças no IOF e 39% souberam. Entre os que tiveram a informação, 41% acham que o governo acertou ao voltar atrás sobre o aumento do IOF para aplicações de investimentos em fundos e 36% pensam o contrário. Os outros 23% não souberam ou não responderam.  

Sobre a manutenção do aumento do imposto para compra de dólar e remessas de dinheiro para o exterior, 28% acham a decisão acertada, enquanto 50% acham errada e 22% não souberam ou não responderam.  

A pesquisa da Quaest foi realizada entre os dias 29 de maio e 1 de junho, e ouviu 2.004 brasileiros de  16 anos ou mais através de entrevistas presenciais que utilizaram questionários estruturados. A margem de erro estimada é de dois pontos percentuais e o índice de confiança é de 95%.