Fitch rebaixa rating do BRB e mantém “observação negativa”

Além de rebaixar as notas do BRB após o escândalo das fraudes no Banco Master, que foi liquidado pelo Banco Central, Fitch afirma que houve "enfraquecimento da governança e dos controles internos de risco do banco"

A Fitch Ratings anunciou, nesta quarta-feira (26/11), que rebaixou as classificações do Banco de Brasília (BRB) . Além disso, manteve todas as notas dos papéis do banco em “observação negativa”. 

A classificação do Rating de Inadimplência do Emissor (IDR, na sigla em inglês) de longo prazo em moedas estrangeira e local, por exemplo, foi revisada de B- para CCC, ou seja, patamar de grau especulativo. Além disso, a agência rebaixou o Rating de Viabilidade (RV) do banco, de B- para CCC; e o Rating Nacional de Longo Prazo de BBB(bra)+ para CCC(bra).

A Fitch manteve todos os ratings do banco público em “observação negativa”, que estava nesse patamar desde setembro. E, ao mesmo tempo, atribuiu o Rating de Suporte do Governo (RSG) do banco para ‘sem suporte”.

“O rebaixamento dos ratings do BRB refletem o significativo enfraquecimento da governança e dos controles internos de risco do banco após o afastamento de dois diretores, determinada pela justiça brasileira. As questões de governança e as investigações sobre carteiras de crédito supostamente fraudulentas adquiridas do Banco Master”, destacou a nota da agência norte-americana.  Segundo a Fitch, o RSG ‘sem suporte’ do BRB é “sensível a mudanças em relação à capacidade e/ou propensão de o governo prestar suporte oportuno ao banco, e isto só ocorreria se houvesse aumento significativo da importância sistêmica do banco”.

No último dia 18, o Master foi liquidado pelo Banco Central após a deflagração da Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que culminou na prisão do dono do Master, Daniel Vorcaro. As investigações da PF revelaram um esquema fraudulento de venda de uma carteira de títulos podres do Master para o BRB estimada em mais de R$ 12 bilhões. 

De acordo com a nota da Fitch, “aumentaram substancialmente o risco de falha do BRB e revelaram graves deficiências nas práticas de supervisão e gestão de riscos”.  De acordo com a agência, as investigações podem afetar significativamente o balanço, a capitalização e a franquia da entidade.

“A ‘observação negativa’ reflete incertezas quanto à dimensão e ao impacto financeiro finais da alegada fraude. O Conselho de Administração do BRB contratou uma auditoria externa especializada para investigar as questões levantadas pelas autoridades e ajudar a determinar o alcance dos problemas”, afirmou o comunicado da Fitch. 

Ao comentar sobre a retirada da classificação de suporte do governo do RSC, ou seja, a Fitch informou que a dimensão e a incerteza de eventuais perdas associadas à investigação, juntamente com os processos judiciais e de supervisão em curso, que também envolvem o acionista controlador, “aumentam a complexidade, o custo e a sensibilidade política de qualquer possível ação de suporte do governo do Distrito Federal”. “Estes fatores criam incerteza em relação ao momento, ao âmbito e à coordenação de um possível suporte extraordinário do ente público, portanto, a Fitch não considera mais o RSC do BRB relevante para sua cobertura”, acrescentou a nota.

Em relação à Exposição a Impactos na Governança (ESG) do BRB, a Fitch destacou ainda que as informações divulgadas, até o momento, pelas autoridades “indicam que elementos dessas carteiras podem carecer de substância econômica ou não ser totalmente respaldados por fluxos de caixa verificáveis”. “O BRB reconheceu problemas em parte dessas exposições e informou que ativos foram substituídos, embora os termos e o processo ainda estejam sendo examinados pelos investigadores”, destacou a agência, lembrando o afastamento do presidente do diretor financeiro do banco público. “O banco contratou auditoria externa para conduzir uma revisão independente das exposições. Para a Fitch, estes acontecimentos revelam deficiências significativas de governança, controles internos e supervisão de riscos”, acrescentou.P

Procurado, o BRB ainda não comentou o rebaixamento. Em fato relevante divulgado na noite de hoje, a instituição informou que a indicação do Senhor Nelson Antônio de Souza para o cargo de presidente do BRB foi aprovada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal na véspera. “A Companhia esclarece que, em observância à governança, a posse do Senhor Nelson ocorrerá tão logo sejam concluídos os ritos previstos, em especial a aprovação pelo Banco Central do Brasil”, destacou a nota.

O comunicado ainda reforçou que o BRB “reafirma seu compromisso de manter seus acionistas e o mercado tempestivamente informados sobre os desdobramentos relevantes relacionados ao tema”.