Fed mantém intervalo de juros básicos entre 5,25% e 5,50% ao ano

ROSANA HESSEL     Em dia de decisão conjunta com o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) decidiu manter o intervalo da taxa de juros básica em 5,25% e 5,50% ao ano e, de acordo com analistas, não houve surpresas no comunicado […]

ROSANA HESSEL

 

 

Em dia de decisão conjunta com o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) decidiu manter o intervalo da taxa de juros básica em 5,25% e 5,50% ao ano e, de acordo com analistas, não houve surpresas no comunicado divulgado pelo órgão nesta quarta-feira (20/3) que não sinalizou espaço para cortes.

 

“Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica tem vindo a expandir-se a um ritmo sólido. Os ganhos de emprego permaneceram fortes e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação diminuiu ao longo do ano passado, mas permanece elevada”, informou o comunicado do Fomc, o comitê de política monetária do Fed.

 

Segundo a nota, o Comitê segue em busca do nível máximo de emprego e de inflação de 2% a longo prazo. O Fomc informou ainda que considera que os riscos para o cumprimento dos objetivos “estão a evoluir para um melhor equilíbrio”. Contudo, as perspectivas econômicas ainda são “incertas e o Comité permanece muito atento aos riscos de inflação”.

 

O Comitê ainda informou que não espera que seja apropriado reduzir o intervalo da meta até que tenha conquistado maior confiança de que a inflação está a evoluir de forma sustentável para 2%. Além disso, informou que continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro norte-americano e de dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas de agências, “conforme descrito nos seus planos anunciados anteriormente”. “O Comité está fortemente empenhado em fazer com que a inflação regresse ao seu objetivo de 2%”, reforçou a nota.

 

Vale lembrar que a inflação dos EUA continua bem acima da meta. Em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) acumulou alta de 3,2% em 12 meses, apresentando leve aceleração em relação aos 3,1% no mesmo período encerrado em janeiro.

 

Ao informar sobre a política monetária o Fomc ainda ressaltou que está “preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do Comitê”, deixando a janela aberta até mesmo para uma alta dos juros em vez de queda. 

 

De acordo com o economista Tony Volpon, ex-diretor do BC e professor adjunto da Georgetown University, em Washington, a decisão do Fed sem modificações nos juros contou com aumento nas projeções de inflação e de crescimento. “Não mudaram nada. O mercado gostou”, resumiu.

 

O economista e consultor André Perfeito, ex-economista-chefe da Necton Investimentos, também reconheceu que não há diferenças substanciais entre os textos das minutas do Fomc desta quarta-feira e a da reunião anterior, realizada em janeiro. “Ambos destacam a expansão sólida da atividade econômica, o fortalecimento do mercado de trabalho, a elevação da inflação e a manutenção da taxa de fundos federais na faixa atual”, escreveu. “Ambas minutas indicam que o Comitê decidiu manter a faixa alvo para a taxa de fundos federais em 5,25% e 5,50% e que não é esperado reduzir a faixa alvo até que haja maior confiança de que a inflação está se movendo sustentavelmente em direção a 2%”, ressaltou. 

 

O consenso do mercado para a decisão do Copom, nesta quarta-feira, é de mais um corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica da economia (Selic), atualmente em 11,25% ao ano. Conforme a mediana das projeções do mercado coletadas pelo BC no boletim Focus, a taxa Selic deverá encerrar o ano em 9%.