Em dia de Copom, Fed mantém juros em decisão dividida

Fed decide manter taxa básica de 4,25% a 4,50% ao ano. Houve oito votos favoráveis, dois contrários e uma abstenção

Em um dia que parecia calmo para as decisões dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos, em mais uma “superquarta” do mercado financeiro, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) decidiu, nesta quarta-feira (30/7), manter os juros básicos norte-americanos no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano. A decisão, contudo, não foi unânime no órgão que manteve a preocupação com a inflação que, “permanece relativamente elevada”. Houve dois votos contrários.

É a primeira vez que dois integrantes do Fomc divergem da maioria sobre uma decisão desde 1993, lembrou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. “Essa foi a novidade da reunião, mas as justificativas para a manutenção das taxas de juros no patamar atual foram as mesmas das reuniões anteriores. O Fed comentou novamente sobre a taxa de desemprego ainda muito baixa, a inflação ainda elevada, e a atividade ainda aquecida. Para as próximas reuniões, o ainda não falou nada”, afirmou. 

O presidente do Fed, Jerome Powell, vem sofrendo ataques do chefe de Estado norte-americano, Donald Trump. Michelle W. Bowman e Christopher J. Waller votaram pela redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual. Adriana D. Kugler esteve ausente e não votou. Powell, o vice-presidente do Fed, Michael S. Barr; Susan M. Collins; Lisa D. Cook; Austan D. Goolsbee; Philip N. Jefferson; Alberto G. Musalem; e Jeffrey R. Schmid decidiram pela manutenção. 

“Ao avaliar a postura adequada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas”, destacou o comunicado do comitê de política monetária do Fed, o Fomc. O colegiado acrescentou que “estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do Comitê”.  

De acordo com a nota do Fed, embora as oscilações nas exportações líquidas continuem afetando os dados, “indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica moderou-se no primeiro semestre do ano”. “A taxa de desemprego permanece baixa e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas. A inflação permanece relativamente elevada”, acrescentou.

Na avaliação de Cruz, o mercado continua precificando corte dos juros na próxima reunião do Fomc, em setembro, apesar dos dados acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2025, que avançou 3% nos dados anualizados – mostrando forte aceleração em relação à queda de 0,5% no primeiro trimestre, na mesma base de comparação. 

“Apesar do PIB mais forte, o corte em setembro está na mesa”, afirmou o economista. Ele lembrou que, antes da reunião de setembro do Fomc, haverá o encontro anual do Fed de Jackson Hole,  Wyoming (EUA), marcado para os dias 21 e 23 de agosto. “Neste encontro, banqueiros centrais vão conversar e apresentar teses. Esse simpósio é considerado uma reunião do Fed, em termos de grandes visões sobre a condução da política monetária”, explicou.