Em ata, BC reforça que não deve cortar juros em janeiro de 2026

No documento divulgado nesta terça-feira (16/12), Banco Central reafirma que o cenário exige uma taxa de juros "significativamente contracionista por período bastante prolongado"

Fachada, Banco Central
22/08/2014. Crédito: Breno Fortes/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Ipês amarelos floridos no Eixão próximo ao Banco Central.

Apesar de reduzir o número de parágrafos da Ata de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, divulgada nesta terça-feira (16/12), o Banco Central reforçou a sinalização do comunicado de que não deverá começar a reduzir os juros em janeiro de 2026. Tanto que reforçou a necessidade de manter a taxa básica da economia (Selic) no atual patamar, de 15% ao ano, pela 4ª decisão consecutiva do colegiado, por um período “bastante prolongado”.

A decisão foi unânime entre os nove diretores do BC e, assim como no comunicado, o colegiado não sinalizou quando deverá começar a reduzir os juros. No texto, o Comitê reafirmou a cautela da instituição e reforçou que o cenário prescreve uma política monetária “significativamente contracionista por período bastante prolongado”, como na ata anterior.

E, endossando o cenário esperado do Comitê até aqui, a autoridade monetária reforçou ainda que mantém a porta aberta para uma alta dos juors, se for necessário. “O Comitê seguirá vigilante e, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de alta se julgar apropriado”, informou o texto da ata com 19 parágrafos, três a menos do que a anterior. De acordo com o documento, “o cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária”.

“O BC reforça a manutenção, agora, na ata, que traz muitas mudanças, mas sem nenhuma delas na direção de flexibilizar, de falar que tem muitos ganhos no combate à inflação”, afirmou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. Segundo ele, a ata ainda reforça, pelo contrário, que o mercado de trabalho ainda apresenta um pouco de força.

“O comunicado explica mais porque eles fizeram algumas mudanças ao longo do ano no comunicado, mas ainda indicando que eles estão em um processo de manutenção e não de corte de juros eminente, digamos assim. Por isso, pelo que eu entendo, esse comunicado reforça a expectativa de manutenção em janeiro”, acrescentou. Pelas estimativas de Cruz, em março, eles teriam ainda tempo suficiente para modificar a política monetária, iniciando os cortes da Selic até a taxa básica terminar o ano em 11% anuais em dezembro.

As projeções do BC para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, deste ano, passou de 4,6%, na reunião do Copom de novembro, para 4,4%, abaixo do teto da meta, de 4,5%. E, para o segundo trimestre de 2027, no horizonte relevante monitorado pelo Copom, a previsão recuou de 3,3% para 3,2%, levemente acima do centro da meta, de 3%.

O Banco Central ainda voltou a demonstrar preocupação com a política fiscal expansionista que tem impactado atrapalhado a política monetária por aumentar a demanda agregada no curto prazo, uma vez que “tem potencial de fetar a percepção sobre a sustentabilidade da dívida e impactar o prêmio a termo da curva de juros”.

“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, alertou o colegiado que reforçou “a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas”.