Em ata, Banco Central reforça alerta para o cumprimento de meta fiscal

ROSANA HESSEL   Em uma ata mais curta do que a anterior, o Banco Central reforçou, nesta terça-feira (19/12)  os alertas do comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e ressaltou que o processo desinflacionário atual tende a ser mais lento, devido à ancoragem das expectativas de inflação ser “apenas parcial” e a […]

ROSANA HESSEL

 

Em uma ata mais curta do que a anterior, o Banco Central reforçou, nesta terça-feira (19/12)  os alertas do comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e ressaltou que o processo desinflacionário atual tende a ser mais lento, devido à ancoragem das expectativas de inflação ser “apenas parcial” e a ao “cenário global desafiador”. Portanto, será preciso “serenidade e moderação na condução da política monetária”. 

 

O Banco Central reduziu de oito para cinco o número de vezes em que cita a palavra incerteza na ata. Contudo, reforçou os alertas em relação à manutenção da meta fiscal. “O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, destaca o documento. Além disso, em relação aos Estados Unidos, reconheceu que, “na visão de alguns, o cenário atual é carregado de incerteza e a combinação do aperto substancial das condições financeiras com a resiliência da atividade pode tornar mais difícil o atingimento de um pouso suave”.

 

Na última reunião do ano do Copom, o colegiado reduziu a taxa básica da economia (Selic) em 0,50 ponto porcentual, de 12,25% para 11,75%. Foi o quarto corte consecutivo do ciclo de flexibilização dos juros, iniciado em agosto.

 

A decisão foi unânime e os diretores da autoridade monetária sinalizaram, assim como no comunicado da semana passada, “a redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”, pois avaliam que “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.  O Comitê ainda enfatizou que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, “em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

 

De acordo com a ata, a inflação ao consumidor segue a trajetória esperada de desinflação, com destaque para a sua composição benigna. “Os indicadores que agregam os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária se aproximaram da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, ressaltou o texto.  Ao citar as expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus,  que encontram-se em torno de 4,5%, 3,9% e 3,5%, respectivamente.  O Copom informou que as projeções de inflação situam-se em 4,6% para 2023, 3,5% para 2024 e 3,2% para 2025. 

 

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, ressalta que, na ata, não houve surpresas em relação ao comunicado. “O Copom não deixa sinais de aceleração nos cortes da Selic, com o Comitê reduzindo os impactos benignos da melhora no cenário externo e da desinflação recente”, afirmou  “Nesse ponto, em específico, o Copom destaca que as surpresas na inflação de serviços se devem a fatores temporários. O Copom reforçou a tese de 0,50% à frente. Por fim, o trecho mais importante na ata, na minha opinião, é quando o Copom destaca que ‘a evolução prospectiva do hiato do produto e a dinâmica do mercado de trabalho serão muito relevantes para determinar a velocidade com que a inflação atingirá a meta”, acrescentou.

 

Na avaliação do economista, o Copom só mudará seus planos se a economia tiver uma desaceleração mais intensa, “o que poderia levar à uma queda da inflação mais rápida, o que respingaria no processo de reancoragem das expectativas”. Por isso, ele manteve as projeções da taxa Selic em 9,50% no fim de 2024, e em 8,5%, em 2025.

 

Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe Warren Investimentos, lembrou que a ata do Copom não apresentou novidades em relação ao comunicado da semana passada. “Cabe ressaltar que a avaliação de cenários e análise de riscos reforça a mensagem de que a conjuntura atual continua demandando serenidade e moderação na condução da política monetária. Assim, não há qualquer indicação de que o Comitê possa acelerar o ritmo de ajuste monetário. Pelo contrário, mostra-se confortável com o ritmo de queda de 0,50 ponto percentual”, resumiu.

 

Operação padrão

 

Pouco depois de publicar a ata do Copom, a assessoria de comunicação do Banco Central divulgou um novo cronograma de divulgação das notas econômicas, em função da continuidade da operação padrão dos funcionários. O aviso ocorre um dia após a última reunião da Mesa Nacional de Negociação Permanente de integrantes do Executivo com representantes do servidores, onde foi proposto apenas reajuste nos auxílios.

 

Como isso, a divulgação das estatísticas do setor externo, do setor de crédito e das contas do setor público consolidado (que inclui os governos federal e regionais mais as estatais federais), ficaram para o início de janeiro.  A operação padrão dos funcionários do BC foi iniciada em julho.

 

Veja a íntegra da nota do BC:

 

Em caráter excepcional, o Banco Central alterará as datas de publicação das Notas Econômico-financeiras relativas ao mês de novembro de 2023 para os seguintes dias:

Estatísticas do Setor Externo – 3 de janeiro de 2024, às 8h30, com entrevista coletiva por meio virtual às 10h30;

Estatísticas Monetárias e de Crédito – 4 de janeiro de 2024, às 8h30, com entrevista coletiva por meio virtual às 10h30;

Estatísticas Fiscais – 5 de janeiro de 2024, às 8h30, com entrevista coletiva por meio virtual às 10h30.

A mudança se deve à mobilização dos servidores do Banco Central.