Dólar oscila em torno de R$ 5,76 após retaliação chinesa aos EUA

Em dia de anúncio de medida da China contra o tarifaço dos EUA, dólar volta a cair e fica abaixo de R$ 5,80 pela primeira vez desde novembro de 2024

This ilustration shows a man counting US dollars in Caracas on January 28, 2019. Venezuela devalued its currency by almost 35 percent on Monday to bring it into line with the exchange rate of the dollar on the black market. The exchange rate is now fixed at 3,200 bolivars to the dollar, almost matching the 3,118.62 offered on the dolartoday.com site that acts as the reference for the black market. / AFP / YURI CORTEZ

Em dia de retaliação da China ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o dólar ficou abaixo de R$ 5,80 pela primeira vez desde a última metade de novembro de 2024.  Por volta das 14h, a divisa norte-americana oscilava entre, R$5,76 e R$ 5,75, refletindo queda de 0,90% a 1%, em relação ao fechamento da véspera, de R$ 5,816, mas, pouco antes, atingiu o pico do dia de R$ 5,77 no câmbio comercial.

O governo chinês anunciou, hoje, uma série de tarifas sobre produtos dos norte-americanos após a tarifação de 10% anunciada por Trump passar a valer sobre todas as importações chinesas. A partir da próxima segunda-feira (10/2),  as novas tarifas chinesas entram em vigor e incluem impostos de 15% sobre o carvão e o gás natural liquefeito, e de 10% sobre petróleo, máquinas agrícolas, caminhonetes e alguns carros de luxo.

Para o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, essa queda do dólar está relacionada com a descompressão do risco de uma guerra comercial deflagrada pelos EUA. “Trump até anunciou as tarifas, mas logo voltou atrás e suspendeu”, disse ele, em referência ao recuo da Casa Branca ao adiar por um mês a tarifação de 25% sobre produtos do México e do Canadá.

Mas não apenas o real teve ganhos frente ao dólar, mas outras moedas também estão ganhando a disputa contra a divisa norte-americana, como o peso chileno e o zloty polonês, destacou o economista e consultor André Perfeito.  O Índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, recuava 0,37%, aos 108,021 pontos, por volta das 14h.

Na avaliação de Perfeito, contudo, há evidências de que os efeitos cumulativos da alta do juros no Brasil podem estar tendo efeito sobre a dinâmica cambial. “Hoje, por exemplo, após a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), muitos analistas viram um tom de alta continuada da taxa Selic, o que torna ‘caro’ ficar vendido em reais”, afirmou.

Pelas projeções desta semana do boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, a mediana das estimativas do mercado para a taxa básica da economia, Selic, foi mantida em 15% ao ano.

“Se de um lado o cenário exige cautela uma vez que Trump está usando as tarifas para reiterar a hegemonia norte-americana — e não necessariamente usá-la –, por outro lado, os efeitos desse patamar de juros no Brasil nitidamente terão efeitos na dívida brasileira”, alertou Perfeito.

Enquanto isso, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) também operava em queda. Por volta das 14h, registrava desvalorização de 0,26%, a 125.648 pontos, na contramão das bolsas norte-americanas, que operam no azul.