Em dia de retaliação da China ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o dólar ficou abaixo de R$ 5,80 pela primeira vez desde a última metade de novembro de 2024. Por volta das 14h, a divisa norte-americana oscilava entre, R$5,76 e R$ 5,75, refletindo queda de 0,90% a 1%, em relação ao fechamento da véspera, de R$ 5,816, mas, pouco antes, atingiu o pico do dia de R$ 5,77 no câmbio comercial.
O governo chinês anunciou, hoje, uma série de tarifas sobre produtos dos norte-americanos após a tarifação de 10% anunciada por Trump passar a valer sobre todas as importações chinesas. A partir da próxima segunda-feira (10/2), as novas tarifas chinesas entram em vigor e incluem impostos de 15% sobre o carvão e o gás natural liquefeito, e de 10% sobre petróleo, máquinas agrícolas, caminhonetes e alguns carros de luxo.
Para o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, essa queda do dólar está relacionada com a descompressão do risco de uma guerra comercial deflagrada pelos EUA. “Trump até anunciou as tarifas, mas logo voltou atrás e suspendeu”, disse ele, em referência ao recuo da Casa Branca ao adiar por um mês a tarifação de 25% sobre produtos do México e do Canadá.
Mas não apenas o real teve ganhos frente ao dólar, mas outras moedas também estão ganhando a disputa contra a divisa norte-americana, como o peso chileno e o zloty polonês, destacou o economista e consultor André Perfeito. O Índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, recuava 0,37%, aos 108,021 pontos, por volta das 14h.
Na avaliação de Perfeito, contudo, há evidências de que os efeitos cumulativos da alta do juros no Brasil podem estar tendo efeito sobre a dinâmica cambial. “Hoje, por exemplo, após a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), muitos analistas viram um tom de alta continuada da taxa Selic, o que torna ‘caro’ ficar vendido em reais”, afirmou.
Pelas projeções desta semana do boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, a mediana das estimativas do mercado para a taxa básica da economia, Selic, foi mantida em 15% ao ano.
“Se de um lado o cenário exige cautela uma vez que Trump está usando as tarifas para reiterar a hegemonia norte-americana — e não necessariamente usá-la –, por outro lado, os efeitos desse patamar de juros no Brasil nitidamente terão efeitos na dívida brasileira”, alertou Perfeito.
Enquanto isso, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) também operava em queda. Por volta das 14h, registrava desvalorização de 0,26%, a 125.648 pontos, na contramão das bolsas norte-americanas, que operam no azul.