O Banco Central decidiu, ontem, aumentar a taxa básica da economia (Selic) de 14,25% para 14,75% ao ano, a partir desta quinta-feira (8/5), em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciada ontem. Agora, com a taxa Selic no maior patamar em quase 20 anos, pelo menos, para os próximos 45 dias, a renda fixa, segue em destaque entre vários outros tipos de investimentos no país, de acordo com analistas.
“Não é de hoje que a renda fixa está com tudo, isso ocorre desde setembro do ano passado, quando o BC começou a subir a Selic de novo”, afirmou Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Conforme dados levantados por ele, além de o risco ser menor na renda fixa, é possível ter retornos acima de dois dígitos por ano.
Oliveira ressaltou que os juros mais altos afetam o crédito, mas, em relação às outras aplicações, como a poupança, que rende menos de 7% ao ano, há oportunidades mais rentáveis para o pequeno investidor. É o caso de fundos DI e CDBs indexados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) – que acompanha a taxa básica de juros —, a exemplo do título público Tesouro Selic.
De acordo com o diretor da Anefac, esses investimentos, mesmo com o desconto do Imposto de Renda, em média de 20%, estão com rendimentos superiores aos da poupança – de 11,29% a 11,69% ao ano, pelos cálculos de Oliveira –, enquanto a caderneta tem retorno de 6,17% anuais.
“Essas aplicações seguem sendo destaque entre as aplicações financeiras e devem continuar assim, e, como os resultados da Bolsa também devem ser afetados devido à desaceleração da economia, a renda fixa também vai se destacar”, explicou.
Oportunidades
Arley Junior, estrategista de investimentos do Santander, também destacou que a renda fixa segue à frente como destaque nas indicações, mas, dentro da classe, há, sim, oportunidades para diversificação do portfólio, buscando retornos acima do CDI. Nesse caso, é importante olhar também para as demais classes, “considerando a estratégia de obter uma cesta de investimentos equilibrada no contexto de diversificação”.
“A categoria de investimentos que chama atenção, por se conectar com essa condição de fim de ciclo, são os investimentos com taxas prefixadas. Os ativos estão com o preço um pouco mais baixo do que o do início do ano, mas seguem com bastante atratividade, considerando que são investimentos que ficarão vigentes por cinco ou seis anos, além de ter opções isentas de IR”, analisou o estrategista.
Segundo ele, a Selic deve permanecer no novo patamar até o fim do ano, “mas a perspectiva para 2026 é de início de ciclo de corte de juros já no começo do ano, o que deve favorecer os ativos de renda fixa prefixada, gerando ganhos na marcação a mercado”.
Conforme dados do boletim Focus, do Banco Central, a mediana das estimativas do mercado para a taxa Selic no fim deste ano é de 14,75% ao ano, passando para 12,50% ao ano, no fim de 2026. As apostas seguem acima de dois dígitos até 2028, quando os juros básicos devem encerrar o ano a 10% no acumulado em 12 meses.