Às vésperas da 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas (COP30), a sustentabilidade está cada vez mais incorporada à estrutura formal da indústria brasileira. Conforme levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) quase metade das empresas do país (48%) possui uma área ou departamento específico para tratar desse tema – avanço de sete pontos percentuais em relação a 2024, quando o índice era de 41%.
A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira (5/11), ainda mostra que mais de 70% dos empresários consideram a bioeconomia importante para o futuro da indústria e um pilar para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. Desse montante, 20% consideram de o tema de “total importância”; 37% “muito importante”; e 20% “mais ou menos importante”.
De acordo com o levantamento, mais de 80% dos executivos defendem o uso sustentável da biodiversidade como ativo estratégico das empresas. Os dados também mostram que 89% dos empresários apoiam a utilização econômica e responsável dos recursos naturais, e 32% afirmam que a biodiversidade deve ser conservada, garantindo seu uso sustentável; 29% defendem que ela deve fazer parte dos negócios de forma sustentável; e 28% acreditam que o tema deve ser integrado às políticas de responsabilidade socioambiental.
“A bioeconomia e o uso inteligente de nossa biodiversidade são grandes diferenciais no cenário global. Na COP 30, vamos mostrar ao mundo que o Brasil tem as soluções para uma nova economia de baixo carbono, e a indústria é protagonista dessa transformação”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban, no comunicado da entidade.
A CNI terá um estande na disputada Blue Zone da COP30, em Belém, onde promoverá painéis e reuniões diárias entre 10 e 21 de novembro. A programação abordará temas centrais como bioeconomia, economia circular, transição energética, mercado de carbono, financiamento climático e novas tecnologias, com participação de especialistas e representantes de empresas.
Ainda de acordo com dados da pesquisa, esse pragmatismo se reflete nas ações já implementadas na cadeia produtiva e as indústrias adotam, em média, seis ações de sustentabilidade em suas linhas de produção. Entre as práticas mais comuns estão as ações para reduzir a produção de resíduos sólidos (90%), a otimização do consumo de energia (84%) e a modernização de máquinas para melhoria de aspectos ambientais (78%).
O custo mais competitivo é o principal fator que incentiva o aumento do uso de fontes renováveis, na avaliação de 55% dos entrevistados. Ele é seguido por incentivos fiscais (10%) e pela redução na emissão de poluentes (8%). E a ausência de leis para o acesso e ao uso da biodiversidade é considerado o principal entrave jurídico pelos entrevistados, assim como a falta de fiscalização adequada para evitar o uso ilegal de recursos. Ambos foram citados em primeiro lugar por 20% dos entrevistados.
O estudo foi realizado pelo Instituto de Pesquisas Nexus. Foram entrevistadas 1.004 empresas industriais de pequeno, médio e grande portes em todas as regiões do país, entre 13 de agosto e 9 de setembro de 2025.