Apesar de manter as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e do próximo inalteradas, em 2,3% e 1,5%, respectivamente, o Banco Bradesco piorou os cenários para a inflação oficial e para a taxa de juros até 2025. Pelas novas estimativas da instituição financeira, a taxa básica da economia (Selic) deverá permanecer no patamar atual, de 10,50% ano ano, até o fim do próximo ano, em vez de recuar para 9,50% anuais.
“As últimas semanas foram marcadas por expressiva desvalorização do real e pressão significativa sobre a curva de juros. A origem está no conjunto de dúvidas quanto aos rumos da política monetária e fiscal e a eventual inconsistência entre elas”, destacou o relatório assinado pelo economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato. Segundo ele, esses temores parecem exagerados, de um modo geral, dados os fundamentos da economia, “mas só ações concretas os interromperão”.
Honorato listou ações que precisam ser tomadas pelo governo e pelo Banco Central reverter a piora dos preços dos ativos, pelo menos, parcialmente. “Isso deve ocorrer à medida em que: 1) a política fiscal venha a ser implementada de forma a atenuar a piora das expectativas; 2) a condução da política monetária e a comunicação do Banco Central sejam percebidas como essencialmente técnicas; e 3) os bons fundamentos da economia se manifestem nos indicadores”, escreveu Honorato.
De acordo com o documento, “a persistência do quadro de aversão ao risco afeta o cenário. Mesmo partindo do pressuposto de que as ações concretas dos próximos meses reduzirão a pressão sobre os mercados, nossa escolha foi incorporar uma parte dessa incerteza e aumento de riscos nos números de câmbio e de inflação”.
A instituição financeira elevou a previsão para o dólar no fim deste ano de R$ 5,1 para R$ 5,3, e, no fim do ano que vem, de R$ 4,8 para R$ 5,1. O banco também elevou de 3,8% para 4,1% a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. E, para 2025, revisou de 3,1% para 3,1%.
“Nossa projeção de inflação, um pouco mais elevada, e diante de uma postura eventualmente mais cautelosa da nova diretoria, vemos espaço menor para cortes de juros e, por isso, esperamos estabilidade da Selic em 10,5% até o fim de 2025”, acrescentou Honorato.