Bolsa bate novo recorde, em grande parte, devido à ajuda de Trump

IBovespa registra novo recorde histórico ao romper a barreira dos 161 mil pontos, nesta terça-feira (2/12). O bom desempenho no ano da B3 está relacionado ao aumento das incertezas nos EUA, segundo Abrasca

Apesar de a economia brasileira não estar bombando, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) segue batendo recordes seguidos. Nesta terça-feira (2/12), a B3 rompeu a barreira dos 160 mil pontos e ainda fechou acima de161 mil pontos, dois recordes seguidos no mesmo dia, em grande parte, devido à ajuda do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de acordo com especialistas.

O fluxo de estrangeiros para o mercado de ações do Brasil é crescente, neste ano, reflete aumento das incertezas na maior economia do planeta, que deixou de ser o porto seguro dos investidores, de acordo com o presidente-executivo da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Pablo Cesário. Em entrevista ao PodCast do Correio, que vai ao ar nesta semana, o executivo destacou que o percentual de investidores estrangeiros na B3, neste ano, beira a 60%, refletindo as incertezas do governo Trump e também a perspectiva de nova queda nos juros norte-americanos, na próxima semana, em meio à frustração do antigo porto seguro global, que são os EUA. 

Na entrevista, Cesário também comenta sobre economia brasileira e um estudo recém-divulgado pela Abrasca, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), que revela que 270 empresas listadas na B3 representam R$ 4,1 trilhões em impostos, salários a funcionários e contratação de fornecedores. Segundo ele, o setor ainda está otimista com a perspectiva de queda gradual da taxa básica da economia (Selic), atualmente em 15% ao ano, a partir do próximo ano. Algumas estimativas do mercado indicam que, em 2026, a B3 poderá continuar subindo, podendo chegar até a 190 mil pontos, apesar da volatilidade típica de um ano eleitoral.

No pregão de hoje, o Índice Bovespa (IBovespa) encerrou com alta de 1,56%, a 161.092 pontos, maior patamar da história. No acumulado do ano até ontem, o indicador acumula valorização 33,93%. As bolsas norte-americanas também fecharam no azul em dia de indicação do futuro presidente do Federal Reserve (Fed), com altas de 0,39%, no Índice Dow Jones, e de 0,59, no Índice Nasdaq. Enquanto isso, o dólar recuou 0,54% e fechou o dia cotado a R$ 5,330.

De acordo com Eduardo Velho, economista-chefe da Equador Investimentos, esse movimento positivo da Bolsa também está relacionado com o mercado doméstico, porque, nos últimos dias, houve uma saída de investidores estrangeiros que acabou sendo compensada pela entrada de brasileiros nesse mercado. “Os brasileiros também estão comprando ações. Não é apenas o gringo”, comentou.

Ouro dispara

Conforme levantamento da Elos Ayta, o ouro segue como a aplicação com maior retorno em 2025. A commodity, que é procurada pelos investidores sempre quando há muita incerteza nos mercados, liderou o ranking das aplicações pesquisadas, com taxa retorno de 61,14% no acumulado de janeiro a novembro, devido à forte demanda pelo metal partindo de bancos centrais do mundo todo, inclusive o brasileiro, para compor as reservas no lugar do dólar.

O IBovespa ficou em terceiro lugar nesse ranking da consultoria, com rendimento acumulado de 32,25%, atrás do vice-líder que foi o Índice Small Caps, de empresas de pequeno porte, com avanço de 35,56% no mesmo período. Na contramão, três aplicações pesquisadas acumularam perdas no ano: Bitcoin (-16,97%), dólar Ptax (-13,86%) e Euro (-3,80%).