Bancos reduzem estimativas para o mercado de crédito e pioram projeções para juros e inflação

Conforme pesquisa da Febraban, bancos reduzem de 9,3% para 9% a previsão de crescimento do mercado de crédito em 2025, e, para eles, taxa Selic deve chegar 15% ao ano até junho

Diante da expectativa de que a taxa básica da economia (Selic) continuará subindo ao longo deste novo ano, os bancos reduziram as projeções de crescimento do mercado de crédito em 2025, de 9,3% para 9%, de acordo com a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), divulgada nesta quarta-feira (1º/12).

As novas projeções para 2025 também apresentam desaceleração do ritmo de crescimento da carteira de empréstimos do setor financeiro prevista para 2024, de 10,5%. De acordo com a pesquisa, a taxa Selic, atualmente em 12,25% ao ano, deverá chegar a 15% ao ano, em junho de 2025, pelas projeções dos bancos. Com juros mais altos, a previsão para a taxa de inadimplência neste ano passou de 4,5% para 4,7%.

A pesquisa da Febraban ainda mostra que a grande maioria dos entrevistados (84,2%) espera que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, eleve a taxa Selic para acima de 14,25% anuais no atual ciclo de aperto monetário. Porém, a maioria (52,6%) espera que um novo ciclo de queda dos juros comece ainda neste ano.

A expectativa dos bancos para a taxa de câmbio também seguiu em alta em relação às pesquisas anteriores. No curto prazo, a expectativa é que o dólar siga próximo do nível de R$ 6,00, e, em julho de 2025, recuando para R$ 5,90.

E, com a perspectiva de um dólar mais valorizado, o que vai pressionar ainda mais os preços, a maioria dos entrevistados, (57,9%) espera que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre 2025 acima do teto da meta, de 4,5%, “em função de inúmeros fatores, como a atividade aquecida, o mercado de trabalho apertado e o real depreciado”.

O pessimismo em relação ao ajuste fiscal do governo segue elevado, pois a maior parte dos entrevistados (66,7%) estima que o pacote de corte de gastos aprovado no Congresso no fim do ano passado deverá gerar uma economia entre R$ 40 bilhões e R$ 55 bilhões, nos próximos dois anos, abaixo das estimativas do governo, em torno de R$ 70 bilhões.

Com relação à atividade econômica, metade dos participantes da pesquisa espera que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça em torno de 2%, neste ano, consenso atual no mercado. Contudo, 27,8% dos participantes esperam um crescimento menor, diante do nível restritivo da política monetária/condições financeiras e redução dos estímulos fiscais.

O levantamento, feito com 19 bancos entre os dias 17 e 20 de dezembro, segundo a entidade, segue em linha com o avanço na faixa de dois dígitos do crédito em 2024, “refletindo a queda dos juros no primeiro semestre do ano, os índices de inadimplência mais contidos, o aumento da renda das famílias, e a recuperação do crédito para as empresas e novos programas públicos”.