Na primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, realizada nesta quarta-feira (29/1), terminou sem surpresas para o mercado financeiro. O colegiado, agora chefiado pelo novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica da economia (Selic) em mais 1,0 ponto porcentual, para 13,25% ao ano, conforme havia sinalizado no último encontro do colegiado, em dezembro.
No comunicado, o Copom ainda deixou a porta aberta para novos aumentos de juros a partir de março, sinalizando um ciclo de aperto monetário mais prolongado, mesmo após a saída do ex-presidente Roberto Campos Neto. Na reunião anterior, quanto aumentou a taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano, o Copom havia sinalizado mais duas altas da mesma magnitude. Com a decisão desta quarta-feira, a medida reforça as apostas de uma Selic mais elevada no fim do ano, podendo chegar perto de 16% anuais, especialmente com o aumento da previsão do BC para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,5% para 5,2%.
“O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”, destacou o comunicado do BC.
“O Banco Central deixou as portas abertas para aumento de juros em função das preocupações com a inflação, em particular, os dados correntes do custo de preços de produtos e serviços, e com o dólar mais valorizado. Portanto, a mensagem é de um Banco Central bastante cauteloso em relação à convergência da inflação para o centro da meta, de 3%”, avaliou Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV.
Para Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, o comunicado “reage, de forma contida, à severa deterioração das expectativas de inflação nas últimas semanas – a pior já registrada nas reuniões do Copom nos últimos 10 anos”. Pelas projeções do Itaú Unibanco, a taxa Selic deverá encerrar dezembro em 15,75% ao ano, “mas os riscos indicam que o BC poderá encerrar o ciclo antes disso”.
Nova diretoria
Neste ano, Comitê tem uma nova formação, com o ex-diretor de Política Monetária Gabriel Galípolo na presidência do BC. E, mesmo assim, a decisão do colegiado foi unânime . O Comitê tem novos integrantes indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de Galípolo e, agora, esses diretores passaram a ser a maioria do Copom, totalizando sete.
Apenas Diogo Abry Guillen, diretor de Política Econômica, e Renato Dias de Brito Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, foram indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus respectivos mandatos terminam em 31 de dezembro deste ano.
Vale lembrar que a decisão do Copom não teve surpresa, assim como a do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos). O comitê de política monetária do Fed, o Fomc, interrompeu o ciclo de alta dos juros e manteve a taxa básica entre 4,25% e 4,50% ao ano em decisão unânime.