Por Luiz Recena Grassi*
Um cavaleiro preside e outros três se revezam no exercício do poder apocalíptico. Um foi eleito, Donald Trump, com muitos votos e um desempenho excepcional, que há muito não se via em terras do Tio Sam. Donald Trump ganhou nas duas Casas do Congresso norte-americano, quer dizer que obteve maioria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Começou inventando coisas, fazendo propostas de paz. O ambiente trará novidades.
Os outros três, Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg fazem parte do grupo dos sem votos e, deles, apenas um tem ambições políticas. Elon Musk quer dominar o mundo. Nada além disso. Nada mais. E já avisou. Quer começar pela Europa, mais especificamente pela Alemanha, cujo partido de direita leva chance de vitória eleitoral. Se não têm nenhum voto (Musk, Bezos, Zuckerberg), têm muitíssimo poder tecnológico a ser usado para construir a teórica Nova Ordem no pós-guerra de Rússia e Ucrânia, com brinquedos do jogo hiper moderno da tecnologia. Muitos deles já estariam a ser usados, para o mal, com efeitos de grande impacto maléfico. Tudo custou muito dinheiro. Vários trilhões de dólares.
E, por enquanto, só foram feitos os cálculos dos números de Defesa. Foram US$ 2,24 trilhões no total até agora. Para a Ucrânia, os anos 1990 começaram com US$ 2 bilhões de empréstimo para a Defesa. A verba pulou para U$115 trilhões ano passado. Fonte: Instituto de Estudos Políticos da Suécia, tido como o mais importante da região. Nessa lista, os primeiros são os Estados Unidos (US$ 877 bilhões). Depois, a China (US$ 292 bilhões). Seguem Rússia (US$ 86,4 bilhões), Índia (US$ 81,4 bilhões), Arábia Saudita (US$ 75 bilhões) e Inglaterra (US$ 68,5 bilhões). A fonte é sempre o instituto sueco.
O primeiro cavaleiro tomou posse e já disse ao que veio: quer a paz. Não perdeu tempo e começou a conversar com Putin, além de mandar assessores para assuntos russos contatar seus parceiros de Moscou. O mundo da paz se move. O da tecnologia de altíssimo nível também. Juntos poderão construir outro mundo, desenhar a paz e melhorar o quadro geral. Mas esse quadro não será fácil de armar dadas as condições belicosas dos briguentos. Esta semana houve grandes ataques a posições ucranianas e profundas incursões contra importantes alvos próximos a Kiev.
Um analista de guerra europeu disse essa semana: quem faz a paz é quem ganha a guerra. Esses elementos, juntos, prejudicam a paz, normal ou tecnológica. Os mortos e feridos, contados aos milhares, estão a perturbar ainda mais os alvos do contencioso. Trump, imperturbável, força a mão contra o Kremlin. Não consegue quase nada a seu favor. Mas, prossegue nas suas artimanhas. É a teoria da água mole em pedra dura, aquela que faz barulho, perturba as situações de guerra e paz, não permite os momentos de calmaria, persegue melhorias das boas possibilidades. Assim, o Apocalipse é mais provável. E o começo de outros tempos estaria próximo. Para tanto, é preciso ter confiança e vontade de mudar, de perseguir melhores tempos.
O CORREIO SABE PORQUE VIU.
Estava lá. Memórias podem ser tristes em situações de distância, solidão e angústia. O quadro pode ficar ruim mesmo quando o clima é quente; ou piorar muito se chegar o clima frio; aumentar ainda mais com o inverno duro, pesado, carregado por temperaturas baixas e neves altas. Tudo é difícil. Bem mais difícil. Daí para a depressão é um passo. Um pequenino e doloroso passo. Era o tema das conversas dos primeiros tempos de Moscou. Saudades e lágrimas, frases bonitas e tristes. Telefonemas para casa só uma vez por semana. Era complicado, requer reserva, espera. Mesmo assim demorava.
Das histórias que ficaram, uma ficou bem triste; outra muito alegre. A primeira, de cortar o coração, conta a história de um pai que passou onze meses sem visitar pais e filhos. Na primeira visita, já no Brasil, o pequeno filho “piscou”, demorou uma fração de segundo no reconhecimento paterno. Bastou para doer, provocar duradoura emoção forte e uma promessa: essa situação não iria se repetir. Por último, a história do colega exigente, tipo “comigo-só-mulher-bonita”… feias nem que a vaca tussa… Frase repetida à exaustão. Isso em todas as etapas no calor. Quando o inverno chegou, e chegou com tudo, no segundo telefonema veio o resumo: “a vaca tossiu”…
*O jornalista foi, por muitos anos, correspondente do Correio Braziliense em Moscou