Apesar de surpreender no PIB do 2º tri, indústria alerta que crescimento não vai se sustentar

ROSANA HESSEL   A indústria surpreendeu o mercado ajudando a turbinar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que ficou acima das projeções do mercado. Contudo, de acordo com a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a indústria de transformação interrompeu sequência de três quedas trimestrais seguidas, mas a expansão do […]

ROSANA HESSEL

 

A indústria surpreendeu o mercado ajudando a turbinar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que ficou acima das projeções do mercado. Contudo, de acordo com a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a indústria de transformação interrompeu sequência de três quedas trimestrais seguidas, mas a expansão do setor “não deverá se sustentar”.

 

“Todos os segmentos da indústria registraram variações positivas no segundo trimestre do ano. Destaque para o PIB da indústria de transformação, que apresentou a primeira alta (+0,3%) após três trimestres seguidos de retração. No entanto, o respiro da indústria de transformação no segundo trimestre, provavelmente, não será suficiente para reverter o cenário de fraco dinamismo do setor no ano”, alertou a Fiesp, em nota divulgada após os dados do PIB.  “O longo período de fragilidade tem sido fortemente influenciado pelo elevado patamar da taxa básica de juros e pela permanência de condições financeiras restritivas na economia brasileira, além do contexto marcado pela dificuldade para obtenção de crédito”, acrescentou o comunicado.

 

Pelas projeções da Fiesp, nos próximos trimestres, a economia brasileira deverá continuar registrando crescimento moderado. “O carregamento estatístico para 2023 é de 3,1%. Para o ano, a expectativa da Fiesp é de crescimento de 2,6%, com viés de alta. Já a indústria de transformação deve apresentar novo recuo em 2023, de 0,4%, o que corresponderia à sétima queda em 10 anos”, acrescentou a nota.

 

 

Processo de desaceleração

 

 

A alta do PIB entre abril e julho ficou abaixo do avanço de 1,9% registrado no primeiro trimestre do ano, confirmando o processo de desaceleração da economia, previsto por analistas ouvidos pelo Correio  apesar dos estímulos do governo para aumentar o consumo das famílias, que avançou 0,6% no segundo trimestre do ano. Essa taxa do primeiro trimestre foi revisada pelo IBGE e passou para 1,8%.

 

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (1º/9), o PIB do país cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, considerando dados dessazonalizados.  O resultado veio próximo da alta prevista pela Fiesp, de 0,8%, e acima da mediana das expectativas do mercado, de 0,2% a 0,3%.

 

Na ótica da oferta, o principal destaque do PIB do segundo trimestre do ano foi a indústria geral, que cresceu 0,9% no período. O setor de serviços também apresentou crescimento, de 0,6%. A agropecuária, por sua vez, registrou queda de 0,9% no trimestre, “resultado que confirma o início do esgotamento dos efeitos da super safra de grãos, altamente concentrada nos primeiros meses do ano”, destacou a Fiesp, em nota divulgada após os dados do PIB. “Essa queda, no entanto, foi menor do que era esperado pelo mercado (-3,5%), colaborando para a surpresa positiva do PIB no 2º trimestre”, acrescentou.

 

A entidade destacou ainda que a continuidade de variações positivas do setor de serviços (que respondem por cerca de 70% do PIB), tem contribuído para a manutenção do crescimento econômico brasileiro. “Dentre os fatores que têm favorecido o bom desempenho de setor, destaca-se a manutenção da massa salarial ampliada em patamar elevado e a resiliência do mercado de trabalho, que têm atuado no sentido da sustentação do consumo”, informou a Fiesp.