A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), recuou 0,11% em agosto, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quarta-feira (10/9). Foi o maior tombo do indicador desde setembro de 2022, quando a variação negativa foi de 0,29%, mas isso não indica que o dragão da inflação está domado.
A queda no dado do IPCA de agosto acabou superando a mediana das estimativas do mercado, que previa deflação de 0,15%, conforme dados da pesquisa Focus, do Banco Central. O resultado mostra ainda uma desaceleração em relação à alta de 0,26% de julho, freando um novo processo de alta dos preços que estava em curso. Em agosto de 2024, a queda foi de 0,02%.
Os dados do IBGE mostram que cinco dos nove grupos de serviços pesquisados registraram queda de preços, e o maior impacto foi o de Habitação, com queda de 0,90% em agosto – a menor variação desde o Plano Real – devido ao recuo de 4,21% no custo da energia elétrica residencial em decorrência da incorporação do bônus de Itaipu, creditado nas faturas de agosto.
Esse subsídio ajudou a anular o impacto da bandeira vermelha patamar 2, que passou a vigorar em 1º de agosto e adiciona na conta de luz R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos, conforme os dados do IBGE. Neste mês, contudo, esse bônus não deve incidir novamente na conta de luz, que voltará a pesar no IPCA mensal.
Em seguida, os dois grupos Alimentação e bebidas e Transporte, com quedas de 0,46% e de 0,27%, respectivamente, contribuíram com -0,10 e -0,06 ponto percentual no indicador mensal. Entre os alimentos, o tomate foi o que registrou a maior contribuição negativa do IPCA. O tomate foi o que alimento que registrou a maior queda mensal, de 13,39%, contribuindo em -0,04 ponto percentual no indicador mensal.
No acumulado do ano, o IPCA registra alta de 3,15% e, nos 12 meses encerrados em agosto, o indicador avançou 5,13%, registrando nova desaceleração em relação à alta de 5,23% no mesmo período até julho.
Mesmo com esse recuo, o indicador segue acima do teto da meta de inflação para o ano, de 4,50%, e o índice de difusão, ou seja, o percentual de subitens que tiveram resultado positivo, aumentou de 50%, em julho, para 57% em agosto. Isso ajudará a reforçar as apostas de manutenção na taxa básica da economia (Selic) em 15% ao ano, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), semana que vem.
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias mais pobres, com renda de até cinco salários mínimos, recuou 0,21% em agosto. No ano, o acumulado, registrou alta de 3,08% e, nos 12 meses encerrados em agosto, avançou 5,05%. Em agosto de 2024, a taxa foi de -0,14%.