A Fitch Ratings revisou, na noite desta terça-feira (9/9), a observação dos ratings do Banco de Brasília (BRB) e do Banco Master, de “indefinida” para “negativa”, após o Banco Central negar a transação proposta pelas instituições.
A agência de classificação de risco norte-americana ainda sinalizou que outras ações de rating negativas podem ocorrer para os dois bancos. No caso do BRB, informou que isso pode acontecer se a capitalização permanecer fraca em relação ao apetite por crescimento, “se a qualidade dos ativos ou a liquidez se deteriorar ou se a avaliação de suporte enfraquecer devido à redução da propensão/capacidade de o Governo do Distrito Federal (GDF) prestar suporte oportuno, incluindo sinais de novos atrasos no reforço de capital”.
Em relação ao Master, a agência informou novas avaliações negativas devem ocorrer “se a liquidez se enfraquecer, o que seria evidenciado por maior dependência de captação sensível a confiança; haja prazos mais curtos ou custos de captação mais altos; caso capital, qualidade de ativos ou rentabilidade se deteriorar significativamente; ou se a execução do plano de negócios se mostrar inconsistente com as atuais condições de mercado”.
“As ações de rating condizem com as sensibilidades negativas publicadas em abril de 2025, que consideravam a possibilidade de a transação não ser aprovada, colocando pressão adicional sobre a liquidez do Master e seu acesso a captação e sobre o capital do BRB”, destacou a nota da Fitch.
Conforme o comunicado, a Fitch também rebaixou os ratings do Master de longo prazo e removeu a observação indefinida para “sem suporte” para Rating de Suporte de Governo (RSG) da instituição. Conforme o comunicado, o Rating de Inadimplência do Emissor (IDRs) de longo prazo do Master passou de B+ para B-. O Rating de Viabilidade (RV) do Mater foi rebaixado para ‘b-’, de ‘b+’, e o Rating Nacional de Longo Prazo, passou de A-(bra) para ‘BB-(bra)’, de ‘A-(bra)’. A Fitch afirmou o Rating de Suporte de Governo (RSG) “sem suporte” da instituição e removeu a “observação indefinida”.
A agência lembrou que em março, os bancos BRB e Master anunciaram uma proposta de aquisição de ações gerando sinergias operacionais, na qual o primeiro comprava 49% das ações ordinárias (com direito a voto) e 100% das preferenciais (sem direito a voto, mas com prioridade no recebimento de dividendos) do segundo, totalizando 58% de seu capital.
“Com o veto do Banco Central, os benefícios não serão incorporados aos ratings, que voltam a considerar os fundamentos individuais das entidades”, alertou a Fitch. “Qualquer nova decisão do regulador que resulte em alterações significativas do acordo levará a uma nova avaliação da transação”, acrescentou o comunicado.
A operação de compra do Master pelo BRB por R$ 2 bilhões vem gerando polêmica no mercado financeiro devido à estratégia arriscada do banco paulista, que chegou a pagar taxas acima do mercado, chegando a 140% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que acompanha a taxa básica da economia (Selic), atualmente em 15% ao ano.
Analistas indicam que o Master precisará recorrer ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para assegurar liquidez enquanto aguarda o aval do BC, que dificilmente deverá mudar a decisão anunciada na semana passada. Em maio, o Master recebeu cerca de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões, e, devido o elevado endividamento do banco e ao custo dos depósitos em carteira, eles alegam que dificilmente conseguiram novo aporte.
Em evento nos Estados Unidos, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, afirmou que o BRB ainda não desistiu de comprar o Master.