Apesar de manter a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, neste ano, em 2,1%, o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, revisou para baixo a estimativa de expansão do PIB de 2026, de 1,5% para 1,4%, como reflexo da política monetária mais restritiva.
“Os juros restritivos e as tarifas respondem pela desaceleração do PIB. Além disso, a agropecuária terá crescimento mais modesto do que neste ano, limitando a expansão no primeiro trimestre e trazendo um menor carregamento estatístico para o ano”, destacou Honorato, nesta segunda-feira (11/8), em relatório enviado aos clientes. Pelas projeções do banco, o ciclo de cortes da taxa básica da economia (Selic), atualmente em 15% ao ano, deve ser postergado para 2026, encerrando o ano em 11,75% anuais.
No relatório, Honorato ressaltou que a atividade econômica na indústria, no comércio e nos setor de serviços tende a se acomodar ao longo deste semestre. “Há também uma desaceleração mais clara na concessão de crédito do sistema financeiro, enquanto o repasse dos juros básicos para aqueles do financiamento bancário segue em linha com o padrão histórico, reforçando seu papel como importante canal de transmissão da política monetária”, acrescentou.
A previsão de inflação deste ano passou de 5% para 4,9% e a de 2026 foi mantida em 3,8%. Na avaliação da instituição, o mercado de trabalho continuará surpreendendo positivamente, com desemprego atingindo uma média de 5,9%, em 2025, e 6,5%, em 2026. “Os níveis permanecem historicamente baixos, apesar da desaceleração econômica”, destacou.
PIB fraco e abaixo da média global
Pelas projeções do Bradesco, o Brasil seguirá crescendo menos do que a economia global. A instituição elevou de 2,8% para 3% a previsão de expansão do PIB mundial, por conta da melhora das estimativas dos países desenvolvidos e da China, que deverá crescer 4,7%, neste ano, acima dos 4% previstos anteriormente. “Apesar da revisão para cima, o maior protecionismo permanece prejudicial ao crescimento. A incerteza sobre política econômica segue elevada globalmente”, ressaltou.
A instituição elevou de 1,2% para 1,3% a previsão de expansão do PIB dos Estados Unidos neste ano, e de 0,8% para 1% a estimativa de avanço do PIB da Zona do Euro.
A equipe de Honorato, não alterou o cenário para as contas públicas, mantendo as premissas de cumprimento do arcabouço fiscal pelo governo, por conta da validação da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) como forma de compensar as despesas com os descontos do Imposto de Renda em 2026. E, apesar de as discussões mais estruturais para ajustes de gastos avançarem apenas para o Orçamento de 2027, a projeção para a dívida pública bruta foi mantida em 80,2% do PIB, neste ano, e em 85,3% do PIB, no ano que vem.