A Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal, atualizou as projeções de curto prazo, elevando de 1,8% para 2% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, mas reduziu de 2,1% para 1,5% a expectativa de expansão do PIB em 2026, devido aos efeitos da política monetária mais restritiva, conforme dados do Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de abril, divulgado nesta quarta-feira (16/04. A instituição ainda fez um alerta sobre o aumento dos riscos fiscais, principalmente, no próximo ano e estimou a necessidade de um ajuste adicional de R$ 72,3 bilhões nas despesas orçamentárias.
“Os dois principais indicadores, resultado primário e endividamento público, projetam uma tendência de deterioração”, sinalizou a entidade, em nota, na qual sinalizadou que a situação fiscal do país continua a merecer atenção especial do governo federal, do Congresso Nacional e da sociedade como um todo”.
Pelas projeções da IFI, o governo conseguirá cumprir a meta de resultado primário zero neste ano, considerando as deduções legais previstas e a margem de tolerância, que permite um deficit primário de até 0,25% do PIB. Mas, em 2026, a entidade indica piora do quadro fiscal e a necessidade de um esforço fiscal de R$ 72,3 bilhões para o cumprimento da meta prevista no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) entregue, ontem, ao Congresso, prevendo como meta fiscal um superavit primário de 0,50% do PIB.
Conforme os dados do RAF, a previsão da IFI para o rombo fiscal em 2026 aumentou de 0,71% do PIB para 0,95% do PIB, totalizando R$ 128 bilhões. Logo, mesmo considerando os descontos legais previstos para o cumprimento da meta fiscal, “seria necessário um esforço fiscal adicional de R$ 72,3 bilhões, mesmo utilizando o limite de tolerância inferior previsto no arcabouço fiscal vigente”. Para este ano, o deficit primário estimado pela entidade é de R$ 64,2 bilhões, o equivalente a 0,51% do PIB.
O RAF de abril ainda projeta um declínio marginal da receita primária líquida da União a curto prazo, passando de de 18,4% do PIB, em 2024, para 18,3%, em 2025, e para 18,2% em 2026. Comparando essa projeções com os números contidos no Orçamento de 2025, recém sancionado, a IFI identificou uma diferença, a menor, de R$ 54 bilhões nessa variável, e discrepância ainda maior no item receitas extraordinárias, de R$ 86,1 bilhões. De acordo com o diretor da IFI Alexandre Andrade, em vez de R$ 140,5 bilhões, a previsão de realização da arrecadação com medidas propostas desde 2023 e que não estão se concretizando, como a volta do voto de qualidade do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), devem chegar a R$ 54,4 bilhões pelos cálculos da IFI.
As projeções da instituição ainda não incorporam efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que tem aumentado a volatilidade dos mercados financeiros. “O quadro para 2026 é mais difícil, impondo um desafio maior em relação ao incremento das receitas, em um contexto de PIB e inflação em retração. E, ainda, sem incorporar os eventuais efeitos da atual guerra comercial no cenário global”, destaca o diretor-executivo da IFI, Marcus Pestana, em nota divulgada à imprensa.
Pelas estimativas da IFI, as previsões para a inflação deste ano e no próximo também foram revisadas, passando de 4,4% e 3,6%, respectivamente, para 5,5% e 4,4%. Já as projeções para a dívida pública bruta passaram de 81,2% do PIB para 79,8% do PIB, neste ano, e de 86,3% do PIB para 84% do PIB, em 2026.