Bradesco revê projeções e prevê juros de 15,25% até junho de 2025

Bradesco faz revisão de cenários, projeta câmbio em torno de R$ 6 daqui para frente e taxa Selic chegando a 15,25% no primeiro semestre do próximo ano

Apesar de elevar de 3,5% para 3,6% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, o Bradesco revisou para baixo a expectativa de expansão da economia em 2025, de  2,5% para 2,2%. E, na primeira estimativa para 2026, a instituição prevê desaceleração ainda maior do PIB, para 1%, considerando o impulso vindo da desoneração do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, conforme o sinalizado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando anunciou o pacote de corte de gastos de cerca de R$ 70 bilhões. 

O banco Bradesco ainda passou a trabalhar com a hipótese de câmbio constante, em torno de R$ 6 daqui em diante. E, nesse novo cenário, a expectativa para a taxa básica da economia (Selic) chegue a 15,25% ao ano na primeira metade de 2025. 

“Há poucos meses, escrevíamos que o apoio da política fiscal era essencial para que nossas projeções se materializassem. Entretanto, o pacote fiscal anunciado trouxe medidas do lado da renúncia de receitas que revelam uma preferência por uma convergência ainda mais lenta da dívida pública. Sob essas condições, houve importante deterioração e enorme volatilidade dos preços de ativos, sem um vetor claro de melhora no curto prazo”, destacou Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, em comunicado aos clientes.

Na avaliação de Honorato, o corte de juros deverá começar apenas na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2025, levando a Selic para 14,75% ao ano no fim de 2025 e para 11,25% anuais, em 2026, “em resposta à recessão que passamos a prever na segunda metade do próximo ano”. “Ainda assim, os riscos são para juros ainda mais elevados do que esses, se o objetivo for a firme busca pelo centro da meta”, avaliou.

Pelas novas estimativas do banco, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá ter altas de 4,9%, neste ano e em 2025, chegando ao centro da meta de 3% em 2026.