Austin: Brasil perde posições no ranking global do PIB em dólares, vai para o 10º lugar e pode cair mais

Com crescimento de 0,9% no terceiro trimestre, o PIB brasileiro ficou em 10º lugar no ranking global da Austin Rating. Segundo a agência de classificação de risco, devido à desvalorização cambial de novembro, país ainda pode ficar em 11º lugar no ranking do PIB em dólares

O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2024 avançou 0,9%, em relação aos três meses anteriores, conforme os dados divulgados, nesta terça-feira (3/12), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado confirmou a desaceleração prevista em comparação com o segundo trimestre do ano, quando o PIB cresceu 1,4%, e colocou o Brasil na 10ª colocação em um ranking elaborado pela Austin Rating com 62 países.

De acordo com Alex Agostini, economista-chefe da Austin, no ranking do PIB em dólares correntes, atualizado com os dados divulgados em outubro pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil deverá perder posições no ranking global, passando da 8ª posição, no relatório de abril, para a 10ª colocação, atrás do Canadá e à frente da Rússia. Em 2023, o Brasil ficou na 9ª classificação do ranking global.

“Boa parte desse declínio do Brasil no ranking, em 2024, se deve a desvalorização do real entre abril e outubro, da ordem de 13%, mesmo com melhora da estimativa de crescimento do PIB acima de 3% neste ano”, afirmou Agostini. Segundo ele, esses cálculos não consideram a forte desvalorização do real sofrida em novembro, quando o dólar ultrapassou o patamar de R$ 6, devido ao aumento da desconfiança do mercado em relação à capacidade do governo conseguir equilibrar as contas públicas. Pelas estimativas do analista, isso pode fazer com que o Brasil ainda seja ultrapassado pela Rússia, caindo para a 11ª posição no ranking liderado pelos Estados Unidos.

A listagem da Austin é liderada pela Nigéria, que apresentou avanço de 2,4% no terceiro trimestre, na mesma base de comparação. Filipinas e Malásia completam o pódio, com crescimento na margem de 1,7% e de 1,5%, respectivamente.  

O desempenho do PIB brasileiro ficou acima da média geral para o trimestre, de 0,5%, e em linha com a média dos países do Brics – grupo dos países emergentes integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Além do Brasil, outros quatro países registraram expansão de 0,9% no terceiro trimestre: China, Indonésia, Israel e Espanha.

“Não houve muita surpresa no resultado, porque ficou próximo da nossa projeção, de 1%, e consolida a nossa projeção de crescimento de 3,3% para o ano”, afirmou Agostini, em entrevista ao Blog. Ele destacou que, para frente, haverá efeitos mais severos e negativos de consumo e produção por conta da perspectiva de aceleração da alta de juros, que deverá reduzir a demanda por crédito. E, apesar da perspectiva de crescimento das atividades de produção mineral, em função da perspectiva de aumento dos preços das commodities, a princípio, a tendência é de desaceleração para o próximo ano devido à piora nas expectativas de inflação e previsão de alta mais forte na taxa básica da economia (Selic), atualmente em 11,25% ao ano.

“A taxa de investimento pode crescer menos do que vem crescendo devido ao aumento da desconfiança”, afirmou o analista da Austin. Ele prevê avanço de 1,9% no PIB de 2025, em linha com as expectativas de desaceleração do mercado. “Esse dado não é ruim, porque o país está crescendo forte desde 2021, e o Brasil, como sabemos, não tem capacidade estrutural para crescer por muito tempo sem ter inflação. É por isso que a inflação está bem acima da meta (de 3%, com teto de 4,5%) com a política monetária ainda comedida, mas precisará ser mais severa a partir da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom)”, acrescentou.

Veja os quadros do ranking:

Após crescer 0,9% no terceiro trimestre,