O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu alguns detalhes, nesta quinta-feira (28/11), das medidas que constam no pacote de ajuste fiscal, que prevê, em dois anos, cortes em torno de R$ 70 bilhões. Contudo, pelas estimativas do especialista em contas públicas Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, o impacto será bem menor, sendo R$ 19,2 bilhões, em 2025, e R$ 25,9 bilhões, em 2026, ou seja, R$ 45,1 bilhões.
“Também são insuficientes, mesmo no caso da estimativa do governo, para produzir superavit primário em horizonte próximo. Esta última uma condição indispensável para estabilizar a dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB)”, destacou.
Esse valor de R$ 45,1 bilhões estimado pela Warren para o impacto fiscal nos próximos dois anos é 62,7% inferior aos R$ 71,9 bilhões previstos pelo governo para o mesmo período (ver quadro abaixo). Contudo, para Felipe Salto, o pacote “é relevante e está na direção correta”.
O especialista em contas públicas também reconheceu que o anúncio da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, mesmo que para a partir de 2026, acabou ofuscando o anúncio do pacote que era esperado desde o fim de outubro, após o segundo turno das eleições municipais.
“O anúncio da medida de mudança da faixa de isenção do IR acabou maculando o eventual efeito positivo do pacote, vale dizer. O segundo problema é que os efeitos fiscais são menores do que os esforços requeridos para se cumprir a meta fiscal do ano que vem”, afirmou.
Na avaliação de Salto,
Ademais, a mudança no IR preocupa, porque poderá representar perda de receita, a depender de como for desenhada a compensação citada. “Apesar da estimativa contida no pronunciamento indicar um efeito de R$ 70 bilhões, esse montante, incerto, se viabilizado, seria insuficiente para as necessidades do ajuste fiscal e do alcance das condições de sustentabilidade da dívida/PIB”, frisou.
Veja, abaixo, o comparativo dos impactos das medidas do governo e da Warren Investimentos: