No dia em que celebra 10 anos, a Oxfam Brasil preparou uma ação para chamar a atenção sobre dados atualizados sobre a desigualdade no país, apesar de a nação estar entre as maiores economias do mundo. Na noite desta quarta-feira (07/8), foram feitas projeções simultâneas nas cidades de São Paulo e Brasília com várias imagens mostrando como o fosso entre ricos e pobres continua profundo por aqui.
Os lugares escolhidos pela entidade que foca no combate às desigualdades são: na capital paulista, a esquina das ruas da Consolação e Caio Prado; na Consolação; e, na capital federal, o edifício da Biblioteca Nacional, no Setor Cultural da República, na Esplanada dos Ministérios.
Oxfam Brasil atua em três áreas no país: justiça social e econômica, justiça racial e de gênero e justiça rural e desenvolvimento. E, de acordo com os levantados pela entidade junto a várias fontes de informação, como institutos de pesquisas, 41,3% das mulheres negras brasileiras estão abaixo da linha da pobreza, contra 21,3% das mulheres brancas; e todos os meses, três defensores e defensoras de direitos humanos são assassinados no país. Indígenas e negros são os grupos em maior vulnerabilidade.
Outro dado destacado pela Organização Não-Governamental (ONG), revela que os 5% mais ricos da população brasileira ficam com o equivalente à metade do crescimento econômico do país. Além disso, 90% dos brasileiros possuem renda mensal inferior a três salários mínimos, e 70% ganham até dois salários mínimos por mês. Conforme levantamento, atualmente, 85% do trabalho de cuidado no Brasil é feito informalmente pelas mulheres. Em 2050, o Brasil terá cerca de 77 milhões de pessoas dependentes de cuidado — pouco mais de um terço da população estimada — entre idosos e crianças.
Entre 2016 e 2020, mulheres eleitas assumiram o comando de 11,5% para 12,1% dos municípios do país. E, nesse ritmo, levaremos 144 anos para alcançar a paridade de gênero nas prefeituras brasileiras, conforme as estimativas da ONG. Nas eleições estaduais e federal de 2022, enquanto homens brancos e amarelos acumularam o recebimento médio de R$ 323 mil, mulheres pretas, pardas e indígenas receberam apenas R$ 135 mil. Ou seja, homens brancos e amarelos receberam, aproximadamente, 4,5 vezes mais dinheiro do que mulheres.
Na avaliação da Oxfam, é fundamental mudarmos os mecanismos pelos quais as desigualdades extremas operam, oferecendo igualdade de oportunidades e garantindo equidade de resultados. “A Oxfam Brasil acredita que há muito o que se fazer para a redução das desigualdades no país, sejam elas econômicas, de patrimônio, raça ou gênero. Listamos aqui algumas das ações que consideramos mais urgentes e importantes que podemos – e devemos – tomar para mudar essa situação”, destacou o comunicado da entidade. E, para combater a desigualdade, a instituição defende maior distribuição da carga tributária brasileira, como diminuição dos impostos indiretos (sobre produtos e serviços) que recaem, principalmente, sobre os mais pobres e a classe média e aumentando os impostos diretos relacionados aos super-ricos, além de combater os mecanismos de elisão e evasão fiscal e de reduzir as renúncias fiscais que viraram regra nos últimos anos.