Após comunicado do Fed, Jerome Powell deixa janela aberta para corte de juros em setembro. Bolsa sobe 1,2%

Após divulgar comunicado neutro sobre decisão de manutenção de juros, presidente do Fed, Jerome Powell, admite possibilidade reduzir a taxa básica a partir de setembro

Apesar de o comunicado do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) não ter dados sinais sobre o início do ciclo de corte de juros, após a reunião do comitê de política monetária da instituição, o Fomc, nesta quarta-feira (31/7), as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, animaram os investidores. Logo após a reunião do colegiado e a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) fechou o dia com alta de acima de 1% diante da perspectiva de que os juros norte-americanos podem começar a cair ainda neste ano.

O Fed manteve os juros básicos norte-americanos no intervalo de 5,25% e 5,50% ao ano pela 8ª reunião seguida — como o esperado pelo mercado –, e, depois da reunião, durante entrevista coletiva, Powell ajustou a comunicação e admitiu a possibilidade de os cortes na taxa básica começar em setembro, na próxima reunião do Fed.

De acordo com relatório do banco Bradesco, o comunicado apresentou mudanças significativas na linguagem, deixando a porta aberta para iniciar o ciclo de cortes já em setembro. “Na conferência à imprensa, Powell destacou a melhora dos dados de inflação e esfriamento no mercado de trabalho. Ele também expressou que os dados econômicos normalizaram e mostrou preocupação sobre manter a economia saudável. Powell deixou claro que, ainda que o Fed esteja esperando por mais dados positivos, a política monetária está restritiva e que o tempo para iniciar o ciclo de corte de juros se aproxima”, destacou o documento.

Na avaliação de economistas do Bradesco, mudança no comunicado do Fed, juntamente com a conferência do Powell, sugerem que os cortes do Fed devem ser iniciados em setembro, a menos que ocorra uma grande surpresa negativa nos dados de inflação. “Eu acho que um corte na taxa pode estar na mesa na reunião de setembro”, disse o presidente do Fed, após citar que a expectativa por dados de inflação e de emprego .

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, lembrou que, no comunicado do Fomc, o Fed foi mais neutro e não havia sinais de queda de juros em setembro. Contudo, na entrevista aos jornalistas, Powell foi mais incisivo sobre o próximo movimento de queda dos juros na próxima reunião. ” Mesmo a pergunta sobre um corte de 0,50% não foi negada de forma veemente, Powell só afirmou que ‘não é algo que estamos considerando agora’. Além disso, na pergunta sobre uma possível discussão de corte de juros hoje, Powell não negou, apenas respondeu que ‘a manutenção de juros foi unânime’”, destacou.

O analista manteve o cenário de dois cortes de juros sendo um em setembro e outro em dezembro. “Mas acredito que o mercado vai flertar com a precificação de três cortes este ano, ou um ciclo mais agressivo, principalmente se o payroll de sexta e os dados de inflação continuarem na dinâmica recente”, afirmou. Neste momento, ele destacou que esse cenário contribuiu para o Comitê de Política Monetária (Copom), dar uma respirada, “apesar da tarefa de convencer o mercado com um tom hawkish (mais duro em relação à inflação), sem mostrar uma alta de juros no horizonte, ser bastante difícil, o Fomc deu uma reduzida na barra”.

A Bolsa brasileira fechou o dia com alta de 1,20%, aos 127.651,81 pontos, com giro a R$ 23,2 bilhões. Na semana, o Índice Bovespa (IBovespa) registrou alta de 0,12% e fechou o mês de julho com ganhos de 3,02%, após avanço de 1,48% em junho. O dólar, por sua vez, voltou a subir no pregão desta quarta-feira e fechou com alta de 0,68%, cotado a R$ 5,655 para a venda.