ROSANA HESSEL
O mercado financeiro voltou a piorar a avaliação da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a desaprovação chegando a 64% em março, conforme dados da pesquisa “O que pensa o mercado financeiro”, da Quaest em parceria com a Genial Investimentos, divulgada nesta quarta-feira (20/3).
Esse resultado apresentou alta de 12 pontos percentuais em relação a novembro, quando a desaprovação do governo chegou a 52%, e é o patamar mais elevado desde maio de 2023, quando a avaliação negativa de Lula atingiu 86% enquanto ele criticava o mercado financeiro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Conforme os dados da pesquisa Genial/Quaest, para 30% dos entrevistados, a avaliação do governo é regular e, para apenas 6%, é positiva – um dos menores patamares desde o começo do levantamento. A coleta dos dados foi feita entre os dias 14 e 19 de março e foram entrevistados 101 executivos de fundos de investimentos com sedes em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Apesar da piora na avaliação de Lula, a pesquisa Genial/Quaest mostrou que 50% dos entrevistados consideram positiva a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad – alta de sete pontos percentuais em relação à edição de novembro. O ministro tinha 43% de aprovação, em novembro passado, e, agora, tem 50%, percentual abaixo do pico de julho de 2023, de 65%.
Para 51% dos executivos financeiros de bancos e financeiras entrevistados, Haddad está mais forte do que no começo do mandato. Outros 35% consideram igual e, 14% dos entrevistados avaliam que Haddad está mais fraco do que no início do mandato.
Além disso, os agentes financeiros estão mais otimistas com a atividade econômica. A expectativa de piora na economia recuou de 55% para 32% dos entrevistados, entre novembro e março. Para 47% das respostas, a situação permanecerá como está, dado acima dos 24% registrados na edição anterior. A parcela otimista de que a situação vai melhorar manteve-se estável em 21%.
Na opinião de 50% dos entrevistados, o intervencionismo na economia é o maior risco para o governo Lula. Em segundo lugar, o estouro da meta fiscal ficou com 23% das respostas e a perda da popularidade do presidente foi considerada o maior risco por 19% dos executivos financeiros.
Apesar de praticamente 100% dos entrevistados acreditarem que o governo não vai conseguir entregar a meta de deficit zero, 52% dos executivos financeiros apontaram a aprovação da reforma administrativa como principal contribuição para o governo conseguir equilibrar as contas públicas.
Conforme os dados da pesquisa, o mercado reprovou por quase unanimidade (97%) a decisão da Petrobras de não pagar dividendos extraordinários aos investidores e 53% esperam que a distribuição seja feita até o fim do ano, de acordo com a pesquisa. Além disso, 89% dos entrevistados disseram que uma interferência do governo na Vale reduziria investimentos estrangeiros no Brasil.
O fundador e presidente da Quaest, Felipe Nunes, contou que ficou bastante surpreso com o fato do mercado não estar pessimista com o estado da economia. “O mau humor dos agentes financeiros é com o Lula, nem é com o governo. A avaliação de Haddad e de Jean Paul Prates (presidente da Petrobras) melhorou. Eles acham que os juros devem cair e que a economia cresce e a inflação fica mais controlada”, afirmou Nunes, em entrevista ao Blog. “Ou seja, se o governo não tomar medidas drásticas, o mercado acha que as coisas vão acontecer”, acrescentou.
Outra unanimidade para o mercado financeiro, segundo a pesquisa da Quaest, é o trabalho do presidente do Banco Central. Para 94% dos entrevistados, a atuação de Campos Neto é positiva. E 73% dos executivos acreditam que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, deverá manter mais dois cortes na taxa básica da economia (Selic), atualmente em 11,25%. Outros 27% apostam em uma redução no ritmo de reduções.
Eleição presidencial de 2026
A pesquisa Genial/Quaest ainda dedicou um bloco de perguntas à expectativa sobre a corrida presidencial e constatou que 86% dos entrevistados disseram que esperam que Lula seja candidato. Nessa hipótese, ele será o favorito para vencer, na opinião de 53%, segundo o estudo. E o futuro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um fator importante nessa avaliação.
Se Bolsonaro for preso, hipótese considerada provável por 47% das respostas, o governo Lula será beneficiado. Caso contrário, como esperam 53%, a oposição terá vantagem.
Veja alguns destaques da pesquisa: