ARTIGO: Pirro não vai, manda flores

Por LUIZ RECENA GRASSI   Vitória de Vladimir Putin em eleições para presidente da Rússia, com 87% dos votos. Agora, virão mais seis anos. De quê? De guerra, alguns; de incertezas, outros tantos. E, muitos, de desesperança, sentimento instalado há mais tempo em milhares de corações. Hoje, principalmente entre os mais velhos.   Outros acreditam […]

Por LUIZ RECENA GRASSI

 

Vitória de Vladimir Putin em eleições para presidente da Rússia, com 87% dos votos. Agora, virão mais seis anos. De quê? De guerra, alguns; de incertezas, outros tantos. E, muitos, de desesperança, sentimento instalado há mais tempo em milhares de corações. Hoje, principalmente entre os mais velhos.

 

Outros acreditam que possam ocorrer mudanças em breve, sobretudo, nos nomes atualmente no governo. E até numa paz menos tardia. O pano de fundo, nunca subestimado na Rússia, é o crescimento econômico. Mesmo com guerra, o país soube se segurar. Teve superavit comercial, não há escassez de víveres ou energia e há dinheiro no cofre.

 

A indústria normal resiste e a bélica está a todo vapor, suprindo necessidades do front e ajudando a botar comida nas mesas. Relações diplomáticas foram reforçadas com países importantes (China, Irã, Índia, Arábia Saudita, Brasil e africanos). O projeto europeu e americano de enfraquecer a Rússia não deu sinais positivos depois de dois anos de conflito.

 

O ucraniano Volodimiyr Zelensky bem que tentou atrapalhar as eleições, com a ajuda de seus aliados. Não desta vez. Houve tentativas de pingados felinos para perturbar as seções eleitorais. Poucas, com mais efeito na mídia tradicional da Europa e dos Estados Unidos do que no processo russo. Hackers anglo-saxônicos foram detectados.

 

Os bombardeios de drones que Kiev mandou para a fronteira com a Rússia não assustaram Moscou. No revide, os russos bateram firme: ganharam novos vilarejos na região de Adviika e pegaram pesado na fronteira de Belgorod. Derrubaram drones e mísseis. Provocaram baixas. Não dá para contar, a mídia ocidental não deixa ou atrapalha. A mídia russa faz propaganda também.

 

No plano político, uma reunião tão interessante quanto desafiadora marcou a semana. Alemanha, França e Polônia juntaram-se para combinar que estão fechadas com a Ucrânia e vão mandar dinheiro, armas e munições, 300 milhões de euros em seguida, para munições. Depois, tanques Taurus e armas. Por último, soldados é o que quer a França

 

Dinheiro russo congelado sugerem os alemães, de olho no botim que União Europeia e EUA produziram prendendo divisas de Moscou no início do conflito. Tunga ou calote, dá no mesmo. O consenso é difícil, o tema ultrapassa essa guerra. A Polônia, mais pobre dos três e operacional no apoio à Ucrânia, tem um contencioso com a Alemanha: quer indenização por perdas na Segunda Grande Guerra.

 

Por essa mesma guerra, a França luta, até hoje, com o complexo de covardia por não ter enfrentado as tropas nazistas e feito acordo permitindo aos alemães desfrutar benesses e terras gaulesas. E, mesmo tendo o general de Gaulle no comando da resistência, desde Londres, pilotando canal da BBC, não foi sequer convidada para a reunião de Ialta, onde a paz foi feita e o mundo repartido.

 

A Alemanha, perdeu a guerra e amargou punições. Fez acordo econômico com os EUA e energético, com a URSS. Apoia os yanques mas não deixa de acender uma vela na igreja ortodoxa. O acordo, assim, pode até vingar, ser sucesso. Mas está na fase do pouco provável.

 

A oposição ocidental, com algum apoio de russos, diz: a vitória custou muito a Putin, em imagem. O mesmo dizem sobre a fragilidade de Zelensky, após querer perturbar as eleições e atacar o território russo. Perdeu armas, munições, veículos, soldados. Cantar vitória assim é tributo a Pirro. Por isso ele manda flores.

 

O CORREIO SABE PORQUE VIU

 

Estava lá. Amigos telefonaram na véspera para fazer o convite e, no domingo, lá estava o correspondente, todo pimpão. Afinal, o inusitado convite era para acompanhá-los a uma seção eleitoral. Para votar, eles. Para assisti-los, eu. Assim se deu.

 

Ao chegarmos, me levaram para cabines e, um por um, assisti o voto deles. Em cima do lance. Boris Ieltsin era o candidato e o mais forte opositor era um apagado sobrevivente do bolchevismo. Houve campanha para Ieltsin perder.

 

Algumas prisões e o resultado final: reeleito com mais de 70%. Algum problema comigo? Nenhum. Eles não ligavam para isso. Outra diferença a ir para o caderno.