Estrangeiros estão perplexos com capacidade de Lula de enterrar o governo dele

Ao longo da última semana, o Blog conversou com sete analistas estrangeiros, a maioria, europeus, cujas empresas têm negócios com o Brasil. E todos, sem exceção, se mostraram perplexos diante da capacidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de enterrar o próprio governo.   Para esses especialistas, se continuar agindo de forma atabalhoada, com […]

Ao longo da última semana, o Blog conversou com sete analistas estrangeiros, a maioria, europeus, cujas empresas têm negócios com o Brasil. E todos, sem exceção, se mostraram perplexos diante da capacidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de enterrar o próprio governo.

 

Para esses especialistas, se continuar agindo de forma atabalhoada, com os dois pés no passado, Lula entregará, de mãos beijadas, o Brasil à extrema-direita nas próximas eleições. Na visão dos profissionais, o líder brasileiro está criando todas as condições para que a aversão dos eleitores a seu governo aumente.

 

Segundo esses analistas, do ponto de vista econômico, o Brasil está muito melhor agora do que no fim do governo de Jair Bolsonaro. A inflação voltou a níveis civilizados, as taxas de juros estão em queda, o crescimento tem surpreendido para melhor, as reservas internacionais voltaram a crescer e os investimentos produtivos estão retornando.

 

O maior exemplo de confiança na economia brasileira, ressaltam os especialistas, são os consecutivos anúncios de gigantescos investimentos das montadoras de veículos que atuam no Brasil. Serão mais de R$ 100 bilhões até 2030, volume de recursos sem precedentes em outros países que também têm uma indústria automotiva forte.

 

“Lula está matando o governo dele pela boca”, diz um profissional de uma empresa francesa. “Tem falado uma série de bobagens, que são amplificadas por meio das redes sociais da extrema-direita em todo o mundo. É quase um caso único de um presidente que cria provas contra ele mesmo”, complementa.

 

Petista tomará sova nas urnas

 

Para os analistas, são muitos os deslizes de Lula apenas neste início de ano. Um dos mais reverberados foi a comparação entre o massacre cometido por Israel em Gaza com o Holocausto. Por mais que todos repudiem os crimes cometidos pelo governo de Benjamin Netanyahu, Lula não deveria ter recorrido à tal analogia.

 

Há, ainda, a insistência em defender o ditador venezuelano Nicolás Maduro. Não dá, na visão dos especialistas, para ouvir Lula dizendo que se deve dar um voto de confiança a Maduro em relação às eleições presidenciais marcadas para julho na Venezuela. O mundo inteiro sabe que a disputa será fraudada.

 

Mais recentemente, o petista decidiu se meter na vida das duas maiores empresas do Brasil, a Petrobras e a Vale, esta, privada. No caso da petroleira, ainda que seja justo Lula defender uma menor distribuição de dividendos aos acionistas para que a estatal possa ampliar seus investimentos, a forma como ele conduz o processo só alimenta desconfianças. “No caso da Vale, não tem desculpa, é abuso”, ressalta uma estrategista de um banco na Inglaterra.

 

Não por acaso, a popularidade de Lula e do governo está despencando, e a sensação de desconforto da população, aumentando. Na visão da professora Luísa Godinho, doutora pela Universidade de Genebra, na Suíça, o Partido Socialista (PS), que foi o maior derrotado nas eleições de Portugal, cometeu erros semelhantes aos do petista.

 

Ou seja, o PS meteu os pés pelas mãos, 13 integrantes da cúpula do governo caíram nos últimos dois anos por uma série de razões, houve denúncias de corrupção e de favorecimento a grupos específicos. Foram tantos os atropelos que, mesmo com as boas condições da economia, os socialistas perderam mais de 500 mil votos para o Chega, o partido da extrema-direita que quadruplicou a bancada na Assembleia da República, de 12 para 48 deputados.

 

Os analistas estrangeiros não têm dúvidas: ou o petista muda a tática, coloca os pés no chão e sai da bolha do passado, ou estará de joelhos até o fim do ano. A primeira grande sova que ele e o partido dele vão levar nos próximos meses virá das eleições municipais. A direita radical será a grande vencedora, fortalecendo os músculos para 2026 e, pior, sendo engordada pelo governo.