Clima político carregado com as chuvas no RS

Ex-ministro Paulo Pimenta critica fortemente a morosidade nas obras de reconstrução, enquanto o governador Eduardo Leite anuncia medidas emergenciais. Enchentes já provocaram três mortes, deixaram 6 mil pessoas desabrigadas e atingem mais de 95 cidades

Bairro de Navegantes, em Porto Alegre, inundado na enchente de 2024. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O Rio Grande do Sul enfrenta novamente uma grave crise provocada por fortes chuvas. Desde a semana passada, mais de 90 municípios do estado registraram danos, com enchentes, deslizamentos, bloqueios de estradas e milhares de pessoas obrigadas a deixarem as casas. Até a tarde desta sexta-feira, a Defesa Civil do estado confirmou três mortes e uma pessoa desaparecida em decorrência dos temporais. Mais de 6 mil pessoas estão fora de casa, ainda segundo informações oficiais.

O governador do Eduardo Leite (PSD) tem aparecido no esforço para conter os danos provocados pelas enchentes. Nas redes sociais, explica que a situação é grave, mas não chegou ao nível extremo da tragédia ocorrida em 2024. Além de anunciar uma ajuda de R$ 60 milhões para as cidades atingidas pelas cheias, o governador recém-filiado ao PSD destaca que o momento é bem diferente da calamidade do ano passado. “O estado está mais preparado. Nós estamos mais fortes”, disse Leite.

Segundo Leite, os problemas deste ano estão mais relacionados à drenagem do que ao nível dos rios. Ele meciona um investimento “robusto” de R$ 300 milhões em desassoreamento a fim de evitar danos nas regiões metropolitanas das cidades gaúchas.

Mas há quem acha que mais poderia ter sido feito. O deputado federal Paulo Pimenta (PT), designado como ministro extraordinário da reconstrução do Rio Grande do Sul em 2024, tem reclamado muito da não utilização de recursos federais oferecidos para recuperar e fortalecer as localidades atingidas pelas enchentes. “Tem muita coisa que já poderia ter sido feita. Já passou da hora”, queixou-se Pimenta durante visita ao bairro Sarandi, na capital gaúcha.

Acompanhado do secretário nacional da Defesa Civil, Wolnei Wolff, o parlamentar petista tem visitado diferentes municípios e diz que tem ouvido queixas frequentes de morosidade na reconstrução do estado. O ex-ministro lembra que o governo federal deu uma moratória de 36 meses ao Rio Grande do Sul, que acumula uma dívida mensal de R$ 300 milhões. Essa folga no orçamento deveria ser utilizada para custear as obras de reconstrução do estado.

Pimenta ressalta ainda que o Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) tem mais de R$ 3,4 bilhões disponíveis para obras de reconstrução. Mas, segundo o deputado, esse dinheiro não está sendo devidamente aplicado para ajudar a população gaúcha nesse momento de cheias.

Não resta dúvida de que as críticas de Paulo Pimenta, que pode disputar uma vaga no Senado ou a cadeira no Palácio Piratini em 2026, ficarão mais contundentes. E o governador Eduardo Leite precisará convencer o eleitor de que está agindo corretamente.

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