Nem a Justiça está livre do racismo no Brasil

Discriminação racial sofrida pela ministra do TSE Vera Lúcia evidencia como Estado e sociedade precisam trabalhar muito para superar essa chaga histórica

Crédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

Não foi em uma delegacia, não foi em uma lanchonete, não foi em uma loja. O racismo sofrido pela ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral Vera Lúcia Santana de Araújo ocorreu em um evento oficial, para onde a integrante do Poder Judiciário se dirigia. Convidada para participar de um seminário sobre ética na gestão pública, Vera Lúcia foi barrada na entrada do edifício.

Presidente do TSE e integrante do Supremo Tribunal Federal, a ministra Cármen Lúcia fez um protesto veemente. E cobrou explicações e providências das instituições envolvidas no episódio. Segundo explicações enviadas à presidente do TSE, o ato contra a ministra vera lúcia não foi praticado por nenhum servidor da Comissão de Ética da Presidêcia da República nem da Advocacia-Geral da União.

Independentemente das justificativas, a ministra Cármen Lúcia reiterou a indignação o episódio. E reforçou que o caso pode ter consequências criminais. “Racismo é crime, etarismo é discriminação. É inconstitucional, imoral, injusto qualquer tipo de destratamento em razão de qualquer critério que não seja a dignidade da pessoa humana”, afirmou a presidente do TSE.

Segundo pesquisa divulgada pelo Ministério da Igualdade Racial, de cada 100 brasileiros pretos, 84 já sofreram discriminação racial. O levantamento revela as situações cotidianas por que passam os negros: eles são tratados com menos gentileza (51,2%), recebe atendimento pior (57%) ou são seguidos em lojas (21,3%).

Presente no dia a dia de milhões de brasileiros, o racismo também agride e ofende um integrante da Justiça. País com a maior diversidade racial do mundo, o Brasil ainda precisará de muitos anos para vencer a discriminação. O primeiro passo é denunciar o racismo, seja na rua, seja nos altos círculos de poder.

Para saber mais notícias importantes do dia, clique abaixo na edição de hoje do Bloco de Notas.